
Como a Fã Que Mudou a História: O Dia em que Keith Richards Escapou da Prisão Perpétua com Ajuda de uma Admiradora Cega
Uma decisão judicial improvável, uma fã determinada e uma reviravolta que salvou o futuro dos Rolling Stones
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Redação - SOM DE FITA
7/21/2025




No final da década de 1970, o rock vivia seu auge — e com ele, também os excessos que marcaram a trajetória de muitas de suas lendas. Um dos episódios mais surpreendentes dessa era envolveu o guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, e uma fã cega que, de forma improvável, desempenhou papel fundamental para que ele escapasse de uma sentença de prisão perpétua no Canadá.
A história parece saída de um roteiro de cinema, mas aconteceu de verdade. Em fevereiro de 1977, Richards foi detido em Toronto, após a polícia encontrar quantidades significativas de drogas em seu quarto de hotel. Na ocasião, ele estava acompanhado de sua parceira Anita Pallenberg, também envolvida em acusações semelhantes. A descoberta de 22 gramas de heroína e cinco de cocaína fez com que Richards fosse enquadrado como traficante pelas autoridades canadenses — uma acusação severa que, pela legislação da época, poderia levá-lo à prisão perpétua.
A prisão que abalou os Rolling Stones
A detenção do guitarrista colocou a banda em uma posição delicada. Keith era não só uma peça-chave dos Stones, mas também um símbolo de sua atitude rebelde. Sua eventual condenação poderia significar o fim do grupo ou, no mínimo, uma pausa por tempo indeterminado. O julgamento se estendeu até outubro de 1978, criando uma atmosfera de tensão crescente entre fãs e músicos.
Durante o processo judicial, os advogados de defesa faziam o possível para suavizar a acusação, tentando provar que Richards era dependente químico, e não traficante. Mesmo assim, as chances não estavam a seu favor — até que uma voz inesperada entrou em cena.
A intervenção de uma fã inesperada
Rita Bedard era uma fã cega dos Rolling Stones, mas seu envolvimento no caso não se limitou à admiração distante. Movida pela devoção à banda e ao próprio Keith Richards, ela solicitou — e obteve — uma audiência privada com o juiz responsável pelo caso, Lloyd Graburn. O encontro, realizado sem a presença dos advogados de defesa, é até hoje envolto em certo mistério.
Na conversa com o magistrado, Bedard relatou como a música dos Rolling Stones havia transformado sua vida. Suas palavras emocionadas e sinceras foram além de um simples depoimento de fã. Ela descreveu como as canções e a figura de Richards a ajudaram a enfrentar as dificuldades de sua condição e lhe deram forças para continuar.
As palavras de Rita, segundo registros posteriores, tocaram profundamente o juiz, influenciando diretamente sua percepção sobre o músico. A atitude da fã demonstrou que, para além dos escândalos e do estilo de vida excêntrico, havia também um impacto real e positivo da arte de Richards sobre as pessoas.
A sentença que virou manchete
O desfecho do julgamento surpreendeu a todos. Keith Richards foi considerado culpado, mas a pena imposta foi inusitada: ao invés da prisão, o guitarrista deveria realizar um show beneficente em apoio ao Canadian National Institute for the Blind (Instituto Nacional Canadense para Cegos), organização dedicada a pessoas com deficiência visual.
A decisão de Graburn foi, sem dúvida, influenciada pelo depoimento de Rita Bedard. Com isso, Keith escapou da prisão e pôde continuar sua carreira. Mais do que isso: o gesto consolidou a imagem de uma celebridade que, apesar das polêmicas, tinha um efeito transformador sobre seus fãs.
Um legado que transcende o rock
O episódio virou parte da mitologia dos Rolling Stones. Em entrevistas posteriores, Keith Richards sempre se referiu a Rita Bedard com carinho e gratidão, chamando-a de “meu anjo cego”. A história é lembrada como um exemplo raro de como o vínculo entre fã e artista pode ultrapassar os palcos e influenciar até mesmo decisões judiciais.
Não se tratou apenas de uma vitória pessoal para Richards, mas de um marco que reforça a potência da música enquanto elemento social, emocional e até mesmo político. Ao fim, o show realizado por Keith — que cumpriu sua pena nos palcos — foi mais do que uma apresentação: foi uma celebração da chance de recomeçar.
Mesmo décadas depois, esse caso continua sendo citado como uma das maiores reviravoltas do rock. E, talvez, uma das mais belas provas de que a conexão entre artista e fã pode, literalmente, mudar vidas.
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