Clássicos de Tiozão: As Músicas que Nunca Faltam no Som do Domingão

De churrascos a encontros de bar, essas faixas atravessaram gerações e continuam vivas no coração (e na caixa de som) dos maiores veteranos da resenha brasileira

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Redação - SOM DE FITA

7/16/2025

Foto gerada por IA

Existe um tipo específico de som que não falha. É só colocar que o ambiente muda, os mais velhos sorriem com nostalgia, e até quem não viveu aquela época se pega cantarolando. Essa é a famosa trilha sonora de tiozão — um conjunto de músicas que marcaram décadas e se tornaram obrigatórias em todo churrasco, boteco, ou reunião familiar com caixa de som e cerveja gelada. Elas representam muito mais do que gosto musical: são símbolos de uma geração que viveu o auge da liberdade, do romantismo exagerado, das pistas de dança cheias e das estradas infinitas.

Nesta matéria, reunimos as canções que mais aparecem nessas resenhas, todas com histórias, riffs ou refrões que resistem ao tempo — e aos aplicativos de música.

1. Born to Be Wild – Steppenwolf

Lançada em 1968, essa música é o verdadeiro manifesto da liberdade sobre duas rodas. Quando toca, é como se automaticamente surgisse um capacete, uma jaqueta de couro e uma estrada vazia na mente de quem ouve. É impossível dissociá-la do espírito dos motoqueiros e das viagens sem destino. Usada no filme “Easy Rider”, tornou-se hino de rebeldia e virou uma marca registrada de tiozões que têm moto na garagem (ou no coração). O refrão explosivo e os versos carregados de atitude ainda arrepiam até hoje.

2. Whisky a Go Go – Roupa Nova

Roupa Nova é uma instituição da música brasileira para os amantes de FM e nostalgia. "Whisky a Go Go" tem tudo: melodia envolvente, letra romântica e aquele clima oitentista que remete a noites em danceterias, cabelos com laquê e camisas abertas. É figurinha repetida em playlists de churrasco, porque mexe com a memória afetiva de quem dançou agarradinho (ou quis) ao som dessa canção em alguma boate da juventude. Não importa a idade: quando ela toca, os olhos brilham.

3. Smoke on the Water – Deep Purple

Considerado um dos riffs mais famosos da história do rock, esse clássico de 1972 é praticamente o hino de entrada no universo da guitarra. "Smoke on the Water" é daquelas músicas que o tiozão toca no violão mesmo que só saiba esse riff. A história da letra também é lendária, relatando um incêndio real em um cassino durante um show em Montreux, na Suíça. A música une o rock pesado a uma narrativa quase cinematográfica, o que a torna irresistível para quem valoriza boas histórias e solos memoráveis.

4. Cheia de Manias – Raça Negra

Lançada em 1992, essa música elevou o pagode romântico ao status de música de salão, churrasco, casamento e reconciliação. “Cheia de manias, toda dengosa...” é um daqueles versos que o tiozão canta de olho fechado e com a mão no peito. A letra simples e apaixonada virou um marco da MPB popular, e o carisma de Luiz Carlos à frente da banda Raça Negra transformou a faixa num sucesso atemporal. É a ponte perfeita entre o lado durão e o coração mole dos veteranos do samba.

5. Another Brick in the Wall – Pink Floyd

Não é apenas uma música: é uma declaração de inconformismo. Parte do conceitual álbum The Wall, de 1979, essa faixa virou um símbolo para quem nunca aceitou bem a autoridade. Muitos tiozões — especialmente os que passaram por escolas rígidas ou regimes duros — se identificam com a rebeldia contida na letra. E o famoso “We don’t need no education” é cantado com vontade em qualquer reunião onde o rock progressivo é respeitado. Pink Floyd é cabeça, alma e protesto.

6. Detalhes – Roberto Carlos

Talvez nenhuma outra música brasileira represente tão bem o tiozão sentimental quanto essa. Escrita em 1971, com letra de Roberto Carlos e Melodia de Erasmo Carlos, “Detalhes” é uma aula de nostalgia e poesia. O Rei narra, com extrema sensibilidade, a dor de um amor perdido e a certeza de que ele ainda vive nos pequenos detalhes do cotidiano da ex-amada. O mais interessante é que essa música parece envelhecer junto com quem a escuta — ganhando novas camadas de emoção a cada ano que passa.

7. Highway to Hell – AC/DC

É o grito de guerra dos roqueiros de alma rebelde. Lançada em 1979, “Highway to Hell” é quase um ritual para iniciar festas mais intensas. A voz de Bon Scott e o riff icônico de Angus Young elevam essa música a um patamar sagrado entre os amantes do rock clássico. Para os tiozões mais animados, é a faixa ideal pra tirar a camisa e simular uma guitarra imaginária com garrafa de cerveja na mão. Uma explosão de energia que desafia até o mais novo da roda a tentar acompanhar.

8. Eu Me Amo – Ultraje a Rigor

Com sua pegada debochada e irreverente, essa faixa de 1985 capturou perfeitamente o espírito de uma geração que queria ser diferente — e fazia questão de mostrar isso. "Eu Me Amo" é mais do que humor: é uma crítica inteligente à vaidade e à sociedade, embalada por um rock dançante e provocador. Tiozões com senso de humor ácido e que viveram os anos 80 costumam ver essa música como um reflexo daquela época ousada, onde rir de si mesmo era um ato de liberdade.

9. Have You Ever Seen the Rain – Creedence Clearwater Revival

CCR é praticamente trilha sonora de fim de tarde nublado com cerveja e papo cabeça. Essa canção de 1971, apesar da melodia suave, traz uma reflexão profunda sobre mudanças e tempestades da vida. É a típica faixa que o tio ouve olhando pro horizonte, refletindo sobre o tempo, a vida e as escolhas. Ela carrega uma melancolia bonita, que toca fundo e continua relevante mesmo meio século depois.

10. Fogo e Paixão – Wando

Exagerada, dramática e absolutamente irresistível. Lançada em 1985, essa música virou sinônimo do romantismo escancarado de Wando, mestre das calcinhas e do amor sem vergonha. “Você é luz, é raio, estrela e luar...” é uma daquelas frases que ultrapassaram a música e entraram na cultura popular. Tiozões que viveram os anos 80 lembram com carinho das apresentações espalhafatosas do cantor, que jogava peças íntimas do palco e se entregava de corpo e alma ao personagem romântico.


Essas músicas sobrevivem porque carregam histórias, vivências e memórias. São canções que resistem à passagem do tempo porque falam diretamente com o coração de quem as ouviu no auge da juventude — e continuam falando com quem tem alma velha o suficiente pra entendê-las. Em tempos de streaming e tendências passageiras, os clássicos de tiozão seguem firmes, provando que o bom som não tem idade, só atitude.

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