
Clara Nunes e o Álbum que Mudou a História do Samba: 50 Anos de “Claridade”
Disco lançado em 1975 consolidou a cantora como a principal voz feminina do gênero e marcou uma era na música brasileira
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Redação - SOM DE FITA
7/29/2025




Em 1975, Clara Nunes lançava “Claridade”, um álbum que não só confirmaria sua posição como a grande voz feminina do samba nos anos 1970, mas também se tornaria um marco na história da música popular brasileira. Com capa dupla e alto investimento da gravadora Odeon, o disco foi pensado para consolidar o sucesso da artista — e deu certo. O trabalho estourou nas rádios de todo o país, reforçando o reinado da mineira que já havia alcançado enorme reconhecimento no ano anterior com o álbum “Alvorecer”, impulsionado pelo sucesso nacional de “Conto de areia”.
Uma transformação definitiva no samba
Clara Nunes, nascida em Paraopeba (MG) em 1942, havia abraçado o samba de forma definitiva a partir de 1971, numa transição orquestrada pelo radialista e produtor Adelzon Alves, que também se tornou seu parceiro pessoal e profissional por anos. “Ê baiana” foi a música que abriu o caminho para a nova fase da artista, que a partir daí mergulhou profundamente na cultura do samba, especialmente em diálogo com figuras da Portela. Quando chegou a hora de gravar “Claridade”, Clara já estava em outro momento: havia rompido com Adelzon e iniciado um relacionamento com o compositor Paulo César Pinheiro, com quem se casaria em 1975.
Produção e repertório de peso
Embora a Odeon quisesse que Pinheiro assumisse a produção do disco, ele recusou, e a função ficou a cargo do violonista Hélio Delmiro, em parceria com Renato Correa. O resultado foi um repertório que transita entre o lirismo, a espiritualidade e a tradição do samba, com destaque para a participação indireta de Adelzon, que havia aproximado Clara de nomes como Candeia, autor de dois grandes destaques do álbum: “O último bloco” e “O mar serenou”. Este último, que abre o disco, tornou-se um dos grandes sucessos radiofônicos da carreira da cantora, exaltando a força feminina em versos que encantaram o público.
Sucessos e profundidade cultural
Outro grande destaque foi “A deusa dos orixás”, de Romildo Bastos e Toninho Nascimento, mesma dupla de “Conto de areia”. A canção trouxe para o grande público uma celebração das entidades das religiões de matriz afro-brasileira, algo que se tornaria uma das marcas da discografia de Clara. O álbum ainda conta com preciosidades como “Juízo final”, de Nelson Cavaquinho, “Sofrimento de quem ama”, de Alberto Lonato, e inéditas de mestres como Cartola e Ismael Silva, além de compositores emergentes como Ivor Lancellotti.
Um clássico que resiste ao tempo
Relançado recentemente no formato original de LP, “Claridade” mantém-se vivo e relevante, mostrando a força da artista que, mesmo após 50 anos do lançamento do disco, continua a ser uma das maiores intérpretes da música brasileira. Entre sambas melancólicos, pontos de umbanda e canções de celebração, o álbum é mais do que um marco fonográfico: é um documento cultural que eternizou Clara Nunes como a voz que deu nova dimensão ao samba nos anos 70.
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