CHICO LOBO lança SERTÃO e celebra as raízes do Brasil profundo

Novo álbum reúne Edu Lobo, Jackson Antunes e Vitor Ramil em um encontro entre tradição e contemporaneidade

Redação - SOM DE FITA

9/30/2025

O violeiro mineiro Chico Lobo acaba de anunciar o lançamento de seu 24º álbum solo, intitulado Sertão. O trabalho chega ao público nesta sexta-feira, 3 de outubro, e reforça o compromisso do artista em manter viva a tradição da música caipira e regional, sem abrir mão de diálogos com outros sotaques e influências da música brasileira.

Entre composições inéditas e releituras marcantes, o disco traz participações de nomes como Edu Lobo, Jackson Antunes e Vitor Ramil, formando uma ponte musical que conecta diferentes regiões do país e até atravessa o oceano, com a participação do violeiro português Rafael Carvalho.

“Não ensaco essa viola enquanto a morte não chega”, cantam Chico Lobo e Edu Lobo em um dos versos mais simbólicos do álbum, que expressa a força de um trabalho enraizado no Brasil profundo.

A força das parcerias no novo álbum

Embora compartilhem o mesmo sobrenome, Chico e Edu Lobo não são parentes. No entanto, suas trajetórias se cruzam de forma significativa neste disco. Edu, parceiro de José Carlos Capinan em “Viola fora de moda” (1973), participa da faixa “Não ensaco essa viola”, lançada como single em agosto e que já deu ao público uma prévia do que estaria por vir em Sertão.

Outra parceria de peso é com o gaúcho Vitor Ramil, que se junta a Chico em uma nova versão de “Cantata”, composição que ambos já haviam apresentado em 2011 no álbum Caipira do Mundo. Agora, a releitura ganha um novo significado, aproximando o sertão mineiro dos pampas gaúchos em um diálogo cultural que reafirma a diversidade da música brasileira.

Jackson Antunes também marca presença em “Profissão de fé”, composição com sotaque nordestino feita em parceria com Wander Lourenço. O ator e cantor mineiro, natural de Janaúba, empresta sua voz a uma faixa que celebra o Brasil caipira e mantém viva a identidade sertaneja.

Releituras e homenagens às tradições musicais

Em Sertão, Chico Lobo revisita clássicos que marcaram a história da música popular brasileira. Uma das mais emblemáticas é “Ponteio” (1967), baião moderno de Edu Lobo e José Carlos Capinan que consagrou Edu em um festival da canção e permanece como um marco da MPB.

O artista também inclui no repertório uma nova versão de “Cantata”, reafirmando a importância de revisitar o passado para encontrar novos significados no presente. Esse gesto de reverência às raízes musicais é uma marca de Chico, que consegue equilibrar a tradição com a contemporaneidade em suas produções.

Além das releituras, o disco traz composições inéditas que mostram a versatilidade do violeiro. Entre elas, “Hoje sei que volto”, uma quase-guarânia gravada com a participação da violeira Adriana Farias; “Encruzilhada”, que aborda de forma mística o universo violeiro do sertão mineiro; e “Nosso amanhecer”, balada romântica com acento country dedicada à sua esposa e produtora, Ângela Lopes, com quem Chico compartilha 31 anos de trajetória de vida e arte.

Um álbum que ultrapassa fronteiras

Sertão não se limita às fronteiras de Minas Gerais. O disco também abre espaço para diálogos internacionais, como na faixa “A teia da viola”. A música já havia sido apresentada em junho no álbum do violeiro português Rafael Carvalho, que agora retribui a parceria participando do registro de Chico Lobo. Essa ponte cultural amplia ainda mais o alcance do trabalho e reforça o caráter universal da viola como instrumento de identidade.

O álbum foi lançado pela gravadora Kuarup, responsável por preservar e difundir parte significativa da memória musical brasileira. Na discografia de Chico Lobo, Sertão sucede os álbuns 60 anos (2023), com repertório inédito e convidados como o MPB4, e Ao vivo na estrada (2024), primeiro registro de show ao vivo do artista.

Mais do que um lançamento fonográfico, Sertão representa a continuidade de uma jornada de mais de duas décadas dedicadas à música de raiz. Com 24 discos na carreira, Chico Lobo reafirma sua posição como um dos grandes guardiões da viola caipira, mantendo-se fiel às tradições ao mesmo tempo em que constrói novas pontes musicais.

Conclusão: Chico Lobo e a permanência da viola no Brasil contemporâneo

O lançamento de Sertão consolida Chico Lobo como um artista que não apenas mantém viva a tradição da viola, mas também a reinventa e a projeta para novos horizontes. Ao lado de parceiros de diferentes regiões e estilos, o violeiro mineiro demonstra que a música caipira é, ao mesmo tempo, profundamente enraizada e aberta a novas leituras.

Com parcerias de nomes como Edu Lobo, Vitor Ramil e Jackson Antunes, o disco reforça a ideia de que o sertão brasileiro é múltiplo, diverso e em constante diálogo com outras culturas. Ao trazer releituras de clássicos e canções inéditas, Chico entrega ao público um trabalho consistente, que preserva a memória sem deixar de apontar para o futuro.

Mais do que um álbum, Sertão é uma declaração de amor ao Brasil profundo, suas veredas, suas histórias e sua música.

Chico Lobo no programa de Rolando Boldrim em 2015. | SR. BRASIL, SP

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