
Censura ou quebra de contrato? Show da banda Sophia Chablau é interrompido durante evento da Prefeitura de SP
Banda paulista critica ação da Secretaria de Cultura após projeção de mensagem política; prefeitura nega censura e diz que cláusulas contratuais foram descumpridas
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Redação - SOM DE FITA
7/15/2025




A banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, conhecida por suas letras provocativas e posicionamentos políticos, viu sua apresentação ser interrompida pela Prefeitura de São Paulo durante a "Semana do Rock", evento gratuito promovido pela própria administração municipal. A interrupção ocorreu na sexta-feira (11), após a exibição da frase “Palestina livre” em uma projeção de telão. O caso reacendeu o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e contratos públicos em eventos culturais.
Trajetória e estilo da banda
Formado na capital paulista em 2019, o grupo é composto por Sophia Chablau (vocais), Theo Ceccato (bateria), Vicente Tassara (guitarra) e Téo (baixo). O nome da banda, extenso e curioso, remete a uma provocação filosófica sobre tempo e arte — e tem tudo a ver com a proposta da banda, que mistura rock alternativo com posicionamentos firmes no palco.
Desde sua criação, a banda lançou dois discos: o primeiro, autointitulado, saiu em 2021 sob produção de Ana Frango Elétrico. O segundo, Música do Esquecimento, chegou em 2023 e reafirmou a identidade politizada do quarteto. Eles já passaram por grandes festivais como o Lollapalooza Brasil e o Primavera Sound em Barcelona, na Espanha.
Manifestações e polêmicas
A banda já havia causado repercussão no Lollapalooza de 2024, quando exibiu a palavra “réu” no telão e a vocalista gritou: “Bolsonaro réu”, recebendo aplausos da plateia. O grito “sem anistia” também foi ecoado por parte do público. Na ocasião, a expressão “Palestina livre” também foi exibida.
Na apresentação interrompida na Praça do Patriarca, durante a programação oficial da Semana do Rock, o grupo voltou a fazer uso de projeções no telão, incluindo novamente a bandeira da Palestina com a frase mencionada. Foi aí que, segundo relato da banda, o telão foi desligado e, posteriormente, o microfone e o som do show foram cortados.
O que diz a banda
Em nota divulgada nas redes sociais, o grupo afirma ter sido alvo de censura política:
“Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. Mas o que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia.”
A produtora do grupo, Francesca Ribeiro, afirmou que o pedido para retirada da imagem da Palestina foi feito diversas vezes antes do início da apresentação, mas a banda decidiu manter a projeção.
“Falei com a banda, e concordamos em não tirar”, explicou.
Sophia relatou ainda que, após o desligamento das projeções, a equipe tentou negociar a retomada, mas recebeu como resposta a redução do repertório e ameaças de multa.
“No contrato, não há qualquer cláusula que nos impeça, e manifestar-se publicamente a favor da Palestina não é crime em nosso país.”
O que diz a Prefeitura de São Paulo
A Secretaria Municipal de Cultura emitiu nota justificando a ação:
“Durante o show da artista Sophia Chablau, o painel de LED foi desligado e o som reduzido preventivamente, após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros. O show, no entanto, seguiu até o fim.”
Segundo a gestão municipal, as manifestações são de responsabilidade da artista e não representam a posição institucional da Prefeitura.
“Refirmamos o compromisso com a liberdade artística dentro dos parâmetros legais da administração pública.”
A Secretaria ainda reforçou que a programação da Semana do Rock é aberta à diversidade, mas precisa respeitar os acordos firmados entre as partes envolvidas.
Liberdade artística e responsabilidade contratual
O caso expõe um dilema cada vez mais presente no meio cultural: até que ponto artistas podem se manifestar politicamente em eventos públicos patrocinados pelo poder público? Para a banda, a censura foi explícita. Para a Prefeitura, houve violação de cláusulas contratuais que limitam conteúdos considerados ofensivos a terceiros.
Independentemente da interpretação, a repercussão gerada mostra que o debate sobre arte, política e limites contratuais está longe de ser resolvido — principalmente quando se trata de eventos bancados com recursos públicos e transmitidos para diferentes públicos.
Se você ainda não conhecia a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo, talvez agora seja a hora de dar o play e tirar suas próprias conclusões — tanto sobre a música quanto sobre a mensagem.
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