Cena “perdida” de KILL BILL ganhará vida em FORTNITE como curta animado de Quentin Tarantino

Desde o lançamento dos dois volumes de Kill Bill, muitos fãs já se perguntavam o que teria virado daquela cena cortada — um trecho que, segundo relatos, falava sobre a vingança de uma misteriosa Yuki Yubari, irmã de uma personagem abraçada pelo símbolo de violência e vingança presentes na trama original. Agora, mais de 20 anos depois, esse fragmento esquecido será oficialmente apresentado — mas não nas telas do cinema. A novidade chega por meio de um curta animado dentro de Fortnite, fruto de uma colaboração com o cineasta Quentin Tarantino e produzido com Unreal Engine e modelos do próprio jogo. A estreia está marcada para 30 de novembro de 2025, diretamente na aba de “Descobrir” do jogo.

A iniciativa marca a concretização de um capítulo antigo de “Kill Bill” — chamado “The Lost Chapter: Yuki’s Revenge” — que nunca foi filmado originalmente. Agora, materializado no universo de Fortnite e com a volta da atriz Uma Thurman como “A Noiva” por meio de captura de movimento e voz, o capítulo ganha vida de forma inédita.

Por que esse capítulo existia — e por que ficou de fora

Nos rascunhos iniciais de Kill Bill, Tarantino havia planejado um desdobramento além da conclusão tradicional do Volume 1: uma sequência onde a irmã de uma guarda-costas — Yuki Yubari — buscava vingança contra a protagonista, motivada pela morte da irmã. A cena incluiria tiroteios, perseguições e tensão dramática típica da saga. Contudo, naquela época, o corte foi decidido por razões práticas: já haveria muita ação, orçamento e tempo de filme extras seriam necessários, e o resultado seria um longa ainda mais longo. A narrativa, por isso, foi descartada.

Durante anos, esse “capítulo perdido” se manteve apenas em roteiros e conversas entre fãs. Mais tarde, com o crescimento de Fortnite como plataforma cultural — capaz de unir games, cinema e entretenimento — surgiu a chance de revisitar aquele material de uma forma diferente. A proposta da produtora do jogo convenceu Tarantino: usar Unreal Engine e os recursos do game para dar corpo ao que nunca foi filmado. O resultado: uma animação que respeita a visão original, agora adaptada a um novo formato — e a uma nova audiência.

Como será a adaptação: estética, formato e pontos de atenção

No novo formato, o capítulo “Yuki’s Revenge” será um curta animado com duração de cerca de 10 minutos, criado inteiramente com o motor gráfico Unreal Engine e usando os recursos de personagem de Fortnite. A produção traz Uma Thurman de volta como “A Noiva”, combinando captura de movimentos e dublagem, o que dá legitimidade à adaptação dentro do universo original. A direção continua a cargo de Quentin Tarantino.

Cena original de Kill Bill com a Noiva diante do icônico “Pussy Wagon”, veículo que inspirou a sequência animada lançada anos depois — Foto: Reprodução / Miramax

Versão recriada do “Pussy Wagon” dentro de Fortnite, adaptada com nova identidade visual para a cena inspirada na sequência cortada de Kill Bill — Imagem: Epic Games

Apesar da animação, os desenvolvedores fizeram adaptações — esperadas — para equilibrar a estética do jogo com a brutalidade referencial dos filmes. Alguns elementos foram suavizados para se encaixar na pegada mais plural e menos explícita de Fortnite. Ainda assim, o espírito de vingança, perseguição e conflito — marca da franquia — permanece evidente.

Além do curta, o crossover vai incluir skins e elementos visuais inspirados em Kill Bill no passe de batalha da nova temporada do jogo, possibilitando que jogadores revivam parte da atmosfera da franquia em partidas comuns.

Impactos e significado dessa “ressurreição” cinematográfica dentro de um jogo

O lançamento de “Yuki’s Revenge” dentro de Fortnite simboliza uma mudança significativa na forma como histórias consideradas “perdidas” podem ser resgatadas — não apenas como curiosidade de bastidores, mas como produto real, acessível globalmente, e com legitimidade autoral. Para Tarantino, é uma reconciliação com um passado que ele mesmo deixou guardado. Para o público, é uma chance de vivenciar algo que jamais existiria de outra forma.

Esse movimento também fortalece a tendência de cruzamento entre mídias: um jogo online como palco para narrativas cinematográficas, aproximando públicos que podem não frequentar salas de cinema — mas passam horas jogando. Ao mesmo tempo, Questiona-se a fidelidade de tom: adaptar o clima violento e adulto de Kill Bill para um ambiente de jogo com múltiplos públicos implica concessões estéticas e narrativas — algo que deve dividir opiniões.

No panorama da cultura pop, o experimento representa uma reinvenção de franquias, abrindo espaço para que roteiros descartados ganhem novas formas de existir. A combinação de nostalgia, inovação tecnológica e interatividade pode servir como modelo para outros diretores e estúdios que carregam material inédito ou esquecido.

Com “The Lost Chapter: Yuki’s Revenge”, Fortnite e Quentin Tarantino entregam algo muito além de um crossover comum. Entregam uma segunda chance para uma história que ficou adormecida, renovando-a em um formato híbrido: nem cinema tradicional, nem simples game — uma animação interativa pensada para um universo de jogos.

Para a franquia Kill Bill, é um gesto de reverência ao passado; para o público, a promessa de experimentar aquela vingança que nunca foi mostrada. E para o mercado, a demonstração de que as fronteiras entre cinema e games estão cada vez mais fluidas. Seja com tiros, perseguições, vingança ou nostalgia: prepare-se para revisitar (ou descobrir pela primeira vez) essa cena que ficou no limbo — agora, de um jeito totalmente novo.

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