Cantora da banda DECESSUS é coroada Miss Mundo Chile 2025 após performance viral

Ignacia Fernández vence a edição nacional e leva o metal a um espaço de grande visibilidade

Redação - SOM DE FITA

11/11/2025

A edição 2025 do Miss Mundo Chile teve um resultado fora do comum, mas amplamente discutido nas redes sociais e veículos especializados. A vencedora foi Ignacia Fernández, vocalista da banda de death metal Decessus, que conquistou o título após uma participação que chamou atenção por unir música extrema e performance artística em um contexto geralmente distante do rock e do metal.

Durante a fase semifinal do concurso, Fernández apresentou uma música autoral de sua banda e executou vocais guturais, técnica associada a estilos mais pesados do metal. A escolha da candidata gerou reações imediatas — parte do público recebeu a performance com entusiasmo, enquanto outros destacaram a ousadia da decisão em um evento de formato tradicional. O vídeo do momento circulou rapidamente nas redes sociais e acumulou milhares de visualizações, tornando-se um dos temas mais comentados da semana no Chile.

Apesar de não repetir a performance na final, Ignacia superou outras 19 concorrentes e foi coroada Miss Mundo Chile 2025. Agora, ela se prepara para representar o país na edição internacional do Miss Mundo, marcada para 2026.

Repercussão e significado do resultado

A coroação de uma artista ligada ao death metal, gênero que raramente aparece em competições de beleza, abriu espaço para debates sobre diversidade estética e cultural. Nas redes, fãs do estilo comemoraram a vitória como um sinal de maior aceitação das expressões alternativas. Já parte da imprensa destacou o contraste entre o universo dos concursos e o perfil artístico da vencedora.

Ignacia se manifestou em suas redes sociais após o resultado, agradecendo o apoio do público e reforçando o compromisso com o título.

“Prometo dar tudo de mim, com paixão, trabalho e propósito. Obrigada pelo reconhecimento mundial do meu canto — um pedacinho da minha alma que me inspira a continuar crescendo e sonhando grande.”

A artista também afirmou que pretende aproveitar a visibilidade do concurso para fortalecer sua carreira musical, sem abandonar o projeto com a banda Decessus. Formada há alguns anos, a banda faz parte da cena underground chilena e tem se apresentado em pequenos festivais e casas de shows voltadas ao rock alternativo.

De acordo com a organização do Miss Mundo Chile, o processo de seleção seguiu os critérios habituais, levando em conta desenvoltura, engajamento social e preparação técnica das candidatas. A performance artística, embora incomum, foi considerada coerente com o objetivo do concurso de valorizar a autenticidade das participantes.

Ignacia Fernández, vocalista da banda Decessus, surpreende jurados do Miss Mundo Chile 2025 ao apresentar uma música de death metal | Imagem: Reprodução

Música extrema, cultura popular e mudança de percepção

A presença de uma cantora de death metal em um evento como o Miss Mundo Chile ocorre em um momento em que as fronteiras culturais entre o alternativo e o popular estão se tornando menos rígidas. O metal, historicamente associado a nichos específicos e públicos segmentados, vem ganhando novas formas de inserção na mídia, especialmente através de artistas que transitam entre diferentes áreas da cultura.

Para parte dos observadores, o caso de Ignacia Fernández reflete um movimento mais amplo: o de integração entre linguagens artísticas que antes eram vistas como incompatíveis. Em vez de uma ruptura, a vitória da cantora representa uma ampliação de repertório dentro de um formato consolidado. Ao incluir diferentes manifestações culturais, concursos como o Miss Mundo passam a dialogar com uma sociedade mais plural, que reconhece a presença do rock e do metal como expressões legítimas da identidade contemporânea.

Especialistas em cultura pop latino-americana apontam que fenômenos semelhantes já ocorreram em outros países, onde artistas de estilos alternativos participaram de programas de grande audiência. Essas aparições, mesmo quando pontuais, contribuem para alterar a percepção do público sobre gêneros musicais tradicionalmente marginalizados.

No caso de Ignacia, o interesse despertado pelo contraste entre o death metal e o universo dos concursos acabou impulsionando sua banda. Após o concurso, o perfil oficial da Decessus nas plataformas digitais registrou aumento de seguidores e visualizações, especialmente no exterior. A artista comentou que pretende manter a agenda de shows e usar o espaço conquistado para divulgar novas composições.

Representatividade e naturalização das diferenças

A vitória de Ignacia Fernández marca um momento incomum na história recente dos concursos de beleza no Chile. Pela primeira vez, uma artista ligada ao metal extremo assume o título nacional e leva o gênero para um espaço de grande visibilidade pública.

A presença dela no Miss Mundo 2026 deve ampliar o debate sobre diversidade cultural e representação artística, sem transformar o feito em símbolo ou ruptura, mas como parte natural das mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e na forma como diferentes expressões são percebidas.

O caso também evidencia o papel da internet na disseminação de narrativas culturais alternativas. Sem o alcance das redes sociais, performances como a de Ignacia dificilmente teriam a mesma projeção em um formato televisivo tradicional. A viralização de seu vídeo não apenas chamou atenção para o concurso, mas também reacendeu discussões sobre como o público global consome e redefine padrões de entretenimento e beleza.

De maneira geral, a vitória da vocalista da Decessus se insere em um contexto em que o entretenimento se torna cada vez mais híbrido. Artistas transitam entre estilos, linguagens e plataformas com naturalidade, e o público passa a reagir menos pela surpresa e mais pela curiosidade. Para Ignacia Fernández, esse cenário pode representar tanto uma oportunidade de visibilidade quanto um desafio: o de equilibrar a imagem pública com a identidade artística construída no underground.

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