
BOB ROCK defende “LOAD” e “RELOAD” e revela bastidores do METALLICA
Produtor comenta diferenças entre álbuns e explica como o “Black Album” mudou a banda para sempre
Redação - SOM DE FITA
8/6/2025




O nome Bob Rock é incontornável quando se fala de Metallica. O produtor, responsável por alguns dos momentos mais polêmicos e ousados da trajetória do grupo, voltou a falar sobre sua parceria com a banda, especialmente nos álbuns Load (1996) e Reload (1997). Em entrevista ao podcast The Metallica Report, Rock relembrou o período em que esteve à frente das gravações e defendeu dois dos trabalhos mais controversos da discografia do quarteto.
A ousadia de mudar o Metallica
Bob Rock reconheceu que Load e Reload foram divisores de águas para o Metallica, trazendo uma sonoridade que fugia do que os fãs estavam acostumados. “Bem, a grande mudança em ‘Load’ e ‘Reload’ foi por causa das influências de outras bandas — não sei de quem foi a ideia; talvez tenha sido Lars, porque ele é o tipo de cara que pensa grande e olha para a música como eu. De repente, ele disse: ‘Bem, eu gosto de bandas como Aerosmith, The [Rolling] Stones, Guns n’ Roses’. Há dois guitarristas. Antes de ‘Load’, James fazia todas as bases. Então, a ideia é que Kirk tocaria as bases junto com James, e isso mudou tudo. E algumas pessoas não gostam”, explicou.
A proposta era expandir a sonoridade, trazendo referências de gigantes do rock, como Aerosmith e Rolling Stones, ao mesmo tempo em que experimentavam com novas estruturas musicais. Para Rock, essa mudança foi fundamental para renovar o Metallica, mesmo que isso tenha dividido opiniões entre os fãs.
Do “Black Album” ao desafio de inovar
Ao comparar seu estilo de produção com o de Flemming Rasmussen, que trabalhou com a banda em clássicos como Ride the Lightning (1984) e Master of Puppets (1986), Rock foi direto: “Voltando ao ‘Black Album’, quando os conheci, eles me contaram como gravavam. Então, basicamente, o que eles sabiam era como [Flemming] montava um disco. Não vou entrar em detalhes sobre o porquê e como, mas eu não faço isso. E eu disse a eles: ‘Eu não faço isso. Gravo tudo ao vivo’. E eles disseram: ‘Por que você faria isso?’ E eu expliquei para eles”.
Para Rock, gravar ao vivo foi um divisor de águas. “Do jeito que eles fizeram, é muito mecânico. Em outras palavras, você não pode voltar e consertar um bumbo — você simplesmente não consegue fazer. (…) Mas o que você faz quando grava ao vivo, você obtém um bom exemplo de praticamente tudo, tipo, todas as partes”, completou.
Essa abordagem também permitiu uma evolução significativa para Jason Newsted, então baixista da banda. “Jason não estava tocando baixo como um baixista. Ele estava apenas dobrando a guitarra. Então eu o ensinei, tipo, ‘Cara, seja um baixista’. Então, há momentos em que ele não está tocando o riff de guitarra; ele está tocando a bateria. E isso nunca teria acontecido se você simplesmente fizesse isso com um clique e tocasse todas as guitarras.”
Diferenças técnicas entre Load e Reload
Bob Rock ainda comentou sobre as diferenças entre os dois álbuns: “Eles soam diferentes — soam realmente diferentes. E há um motivo. Quando estávamos em Nova York, eles não tinham os consoles que usávamos antes, o [SSL] 6.000. Todos os estúdios disponíveis tinham um SSL 9.000. É uma coisa completamente diferente. E [o engenheiro/mixador] Randy Staub e eu odiávamos pra caramba, porque ele sempre quebrava e dava defeito”.
Para o produtor, essa diferença de equipamento foi crucial para o resultado final das gravações. Ele ainda revelou que gostaria de remixar Load: “Então, quando ouvi ‘Load’ e quando me pediram para escrever sobre [o relançamento de] ambos os discos, e conversei com Lars sobre isso, eu disse: ‘Eles são completamente diferentes sonoramente’. ‘Reload’ é agressivo. (…) Então, eu gostaria de remixar ‘Load’ [risos], mas isso nunca vai acontecer.”
A visão de Bob Rock sobre a reação dos fãs
Os álbuns Load e Reload receberam críticas mistas na época de seus lançamentos, especialmente por se distanciarem do thrash metal que consolidou a fama da banda nos anos 1980. Rock reconhece essa divisão: “Algumas pessoas não gostam”, disse. No entanto, ele defende que o objetivo sempre foi expandir o horizonte musical do grupo e trazer novas influências.
Ainda assim, Rock acredita que os fãs, com o tempo, compreenderam a importância desses trabalhos para a trajetória do Metallica. “As pessoas adoram ‘Load’. Elas não sabem o que eu sei. E não se importam com o que eu sei. Mas, para mim, era realmente evidente que eles eram tão diferentes”, afirmou.
Um legado que ainda gera debate
Mesmo após décadas, Load e Reload continuam sendo temas de discussão entre os fãs. Se por um lado alguns enxergam esses álbuns como uma fase de transição experimental, outros consideram que eles desviaram demais da essência original do Metallica. Para Bob Rock, no entanto, essas mudanças foram parte essencial do crescimento artístico da banda.
Ao relembrar esse período, o produtor deixa claro que seu trabalho foi muito além do estúdio: ele ajudou a redefinir o papel dos integrantes dentro da banda e a abrir novas possibilidades criativas.
E você, de que lado está?
O debate sobre Load e Reload permanece vivo. Para alguns, eles representam o Metallica mais ousado e versátil; para outros, a banda em seu momento mais controverso. Mas, como mostrou Bob Rock, por trás de cada decisão havia um objetivo claro: desafiar limites e explorar novos territórios musicais.
mais notícias:
Notícias, resenhas e cultura underground em destaque.
© 2025. Todos os direitos reservados.
Música, atitude e resistência em alta rotação.
Rebobinando o furdunço, Dando o play no Fuzuê.
Siga a gente nas redes sociais

