Blades of Steel - Blades of Steel
O álbum homônimo da banda Blades of Steel entrega riffs afiados e energia bruta, mas não arrisca sair da zona de conforto, resultando em um trabalho poderoso, porém previsível.
RESENHA
Por Zé do Caos
8/13/2025



Rapaz... O lançamento de Blades of Steel é como abrir a porta de um bar enfumaçado e ser imediatamente atingido pelo volume ensurdecedor de guitarras e batidas marcadas. Desde o primeiro segundo, com a faixa de abertura “Blades of Steel”, a banda deixa claro que não está aqui para brincar. O som é intenso, rápido e direto, com uma produção que aposta na pressão sonora para manter o ouvinte preso até o último acorde.
A abertura já mostra que o grupo conhece bem a cartilha do metal e do heavy mais cru: riffs sólidos, palhetadas firmes, baixo preenchendo cada espaço e uma bateria que não perde o compasso nem por um segundo. Os vocais — rasgados, agressivos e virados no cão — encaixam perfeitamente no clima do álbum.
E é exatamente aí que está um dos pontos mais fortes do disco: ele é feito para fãs do estilo. Quem gosta de peso, velocidade e aquela pegada clássica vai encontrar exatamente o que procura. Não há momentos de indecisão ou experimentações que possam dispersar a atenção. O objetivo é claro: fazer o cabra banguear do começo ao fim.
O Manual do Metal Bem Executado
Se existe um manual para compor um bom álbum de metal tradicional, Blades of Steel parece ter seguido cada capítulo à risca. As músicas têm a duração exata para não cansar, as mudanças de andamento são bem posicionadas e os solos de guitarra surgem no momento certo, com técnica suficiente para impressionar sem exageros.
A qualidade de execução é inegável. É como se cada integrante soubesse exatamente seu papel: não há espaço para erros ou improvisos fora de hora. A produção, por sua vez, é limpa o suficiente para destacar cada instrumento, mas mantém a sujeira necessária para preservar a autenticidade do som.
Para o ouvinte que busca aquele impacto imediato, o álbum cumpre o prometido. É o tipo de disco que você coloca para tocar antes de um treino, numa viagem de estrada ou para aquecer o clima antes de um show. A energia é constante e o nível de entrega da banda é notável.
Mas é justamente essa fidelidade ao formato clássico que traz a primeira crítica: tudo soa familiar demais. Cada riff, cada virada de bateria e até o timbre da voz lembram algo que já foi feito — e bem feito — por outras bandas ao longo das últimas décadas. Não há nenhuma faixa que quebre o padrão ou traga um elemento inesperado.


A Força e a Limitação de Jogar Seguro
A grande questão sobre Blades of Steel é que ele acerta muito ao entregar exatamente o que o fã espera, mas não dá um passo sequer além disso. É como assistir a um filme de ação com todos os clichês do gênero: você se diverte, se empolga, mas no fundo sabe que já viu tudo antes.
Essa abordagem “segura” pode ser lida de duas formas. Para quem valoriza a tradição e prefere um som que respeite as raízes, o disco é um presente. Ele mantém vivo o espírito do metal clássico e não tenta agradar públicos diferentes com misturas arriscadas. Por outro lado, para quem espera uma evolução ou um sopro de novidade, pode haver uma certa frustração.
O mais curioso é que essa previsibilidade não impede o álbum de ser bom. Muito pelo contrário: Blades of Steel é consistente, bem produzido e cheio de energia. É apenas um trabalho que se contenta em repetir uma fórmula já consagrada, sem buscar reinventar a roda.
Se a intenção da banda era fazer um disco sólido, que soe bem ao vivo e que conquiste fãs pelo peso e pela execução, eles atingiram o objetivo com precisão. Mas se a ideia fosse marcar um ponto de virada na carreira ou apresentar algo realmente inovador, o caminho precisaria ser outro.
Conclusão
No final das contas, Blades of Steel é como aquele prato que você adora pedir no restaurante: você sabe exatamente o que esperar, e essa previsibilidade é parte do prazer. A banda entrega peso, riffs marcantes e uma pegada intensa que satisfaz qualquer fã de metal tradicional.
Porém, não há como negar que o disco não oferece nada de realmente novo. É mais um capítulo sólido na longa história de bandas que mantêm viva a chama do gênero, mas sem mexer muito nas chamas para evitar que elas saiam do controle.
Se você quer um som direto, honesto e feito para agitar a cabeça, pode colocar Blades of Steel para tocar sem medo. Só não espere que ele mude sua forma de enxergar o metal — ele não veio para isso.
Nota: 8,5/10
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