
Black Widow: A Banda Que Foi Longe Demais no Ocultismo e Ficou de Fora do Jogo Americano
Enquanto o Black Sabbath conquistava os EUA, um grupo ainda mais sombrio via suas portas se fecharem por flertar diretamente com o misticismo e o teatro ocultista.
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Redação - SOM DE FITA
5/13/2025




Na virada dos anos 60 para os 70, o rock começava a escurecer, tanto no som quanto na estética. Enquanto o Black Sabbath ainda era confundido com satanismo por causa dos riffs pesados e da aura sombria, havia uma banda britânica que mergulhava de cabeça no ocultismo — e acabou pagando o preço por isso.
Estamos falando do Black Widow, grupo vindo de Leicester que não só cantava sobre magia como encenava rituais em seus shows. Em plena paranoia cultural após os assassinatos cometidos por Charles Manson em 1969, os EUA não estavam preparados para um espetáculo tão explícito. Resultado: a banda foi barrada de entrar no país, perdendo a chance de uma turnê e abrindo caminho para o Sabbath ocupar o espaço.
Formado inicialmente em 1966 sob o nome Pesky Gee!, o grupo assumiu a identidade definitiva em 1970 com o lançamento do álbum Sacrifice, que virou referência no chamado occult rock. A formação contava com Kay Garret (vocais), Kip Trevor (vocais e guitarra), Chris Dredge (guitarra), Bob Bond (baixo), Clive Box (bateria e piano), Gerry "Zoot" Taylor (órgão) e Clive Jones (instrumentos de sopro e teclados).
Anos depois, Clive Jones explicou o motivo da banda ter ficado de fora do mercado norte-americano. Em entrevista à It’s Psychedelic Baby Magazine em 2011 (via Far Out Magazine), ele relembrou:
“Nunca conseguimos chegar aos EUA porque fomos banidos depois que Charles Manson fez seus assassinatos com magia negra. Acharam que nos mandar para lá logo em seguida disso não seria uma coisa boa. Então, nossos empresários mandaram apenas o Black Sabbath, com quem tinham acabado de assinar e que então negavam qualquer relação com magia negra.”
O timing não poderia ter sido mais infeliz. Com o público americano ainda traumatizado pelos crimes envolvendo Sharon Tate e outros, até o White Album dos Beatles foi suspeito de influenciar o massacre. Em meio a esse cenário tenso, o Sabbath desembarcava nos Estados Unidos em outubro de 1970, já promovendo Paranoid — sua estreia por lá aconteceria sem a sombra do Widow.



A carreira do Black Widow: curta, intensa e cultuada
Apesar da barreira nos EUA, o Black Widow deixou sua marca. Depois de Sacrifice, o grupo lançou um álbum autointitulado em 1971, já com uma pegada menos esotérica. Em 1972 veio o terceiro trabalho, mas logo depois a gravadora cortou relações. Um quarto disco, Black Widow IV, gravado na época, só foi lançado em 1997.
A banda ainda ensaiou um retorno em 2007, quando Clive Jones e o baixista Geoff Griffith retomaram o projeto. Em 2011 lançaram Sleeping with Demons, com participação de Tony Martin (ex-Black Sabbath) na música "Hail Satan". O renascimento, no entanto, foi breve: Jones faleceu em 2014 e Griffith em 2016, encerrando de vez a trajetória da banda.
O legado do Black Widow permanece como um lembrete de como o contexto cultural pode levantar muros ou abrir caminhos — e de como o flerte com o ocultismo, quando literal demais, pode transformar uma banda promissora em lenda underground.
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