BLACK PANTERA: A Força de Uberaba que Está Transformando o ROCK NACIONAL

Trio mineiro mistura peso, mensagem social e representatividade em shows e discos que conquistam plateias cada vez maiores

Redação - SOM DE FITA

9/30/2025

A cena do rock brasileiro tem sido marcada por renovações e surpresas, e poucas bandas têm conseguido se destacar de forma tão intensa quanto o Black Pantera. O trio de Uberaba, Minas Gerais, formado por Charles Gama (voz e guitarra), Chaene da Gama (voz e baixo) e Rodrigo Pancho (bateria), vem trilhando uma trajetória de ascensão meteórica, conquistando espaço em grandes festivais e furando as bolhas tradicionais do rock. A mistura explosiva de thrash metal, punk e hardcore, unida a letras com forte apelo social, faz com que o grupo não apenas conquiste fãs, mas também abra caminhos importantes para representatividade e diversidade dentro do cenário musical.

Com quatro álbuns lançados até agora, incluindo o aclamado Perpétuo (2024), a banda não tem apenas chamado atenção pela sonoridade pesada, mas também pela mensagem. O Black Pantera representa uma voz ativa contra o racismo, a desigualdade e as injustiças sociais, construindo uma identidade que dialoga com diferentes públicos e reforça que o rock nacional continua pulsante e atual.

Da Ascensão nos Palcos ao Impacto em Festivais

Desde as primeiras apresentações, o Black Pantera deixou claro que sua proposta era diferente. Em um país onde o rock muitas vezes fica limitado a estilos tradicionais e repetitivos, a banda encontrou um espaço próprio ao unir riffs pesados, bateria intensa e letras engajadas. Essa combinação se mostrou certeira, pois rapidamente chamou a atenção não apenas de fãs do metal, mas também de quem busca autenticidade e representatividade no cenário musical.

O trio mineiro também é conhecido por sua performance de palco, que sempre impressiona pela energia e pela entrega. Essa intensidade tem garantido ao Black Pantera convites para festivais de diferentes estilos, nos quais a banda consegue conquistar plateias diversas. Em 2025, por exemplo, eles se apresentaram no The Town, em São Paulo, no Palco Quebrada. Apesar de não estarem nos palcos principais, o grupo mostrou força ao transformar sua apresentação em um momento memorável. Muitos críticos observaram que a energia da banda foi suficiente para provar que eles já estão prontos para disputar espaço com os grandes nomes do rock brasileiro e internacional.

Outro destaque foi a participação no Best of Blues and Rock, evento que tradicionalmente recebe artistas de sonoridade mais clássica. Mesmo diante de um público acostumado a outra proposta musical, o Black Pantera conseguiu engajar a plateia e mostrar que seu som dialoga com diferentes gerações. O momento mais simbólico foi abrir para Alice Cooper, lenda do rock mundial, e ainda assim arrancar coros do público, que cantou junto grande parte das músicas do repertório.

“Perpétuo” e a Evolução Sonora do Trio Mineiro

Se o palco é onde o Black Pantera prova sua força, o estúdio é o lugar onde eles mostram evolução constante. O quarto álbum, Perpétuo (2024), já é considerado um marco na carreira do trio. O disco traz experimentações que vão além do thrash e do hardcore, incorporando referências do rock brasileiro dos anos 90 e até do hip hop. Os vocais também ganharam mais melodias, sem perder o peso característico.

Músicas como Tradução e a faixa-título Perpétuo chamaram atenção da crítica e do público. Antes mesmo de seu lançamento oficial nas plataformas digitais, Tradução já tocava em rádios importantes, sinalizando o alcance que a banda conquistou. O disco foi recebido como um trabalho maduro e corajoso, mostrando que o Black Pantera não se limita a repetir fórmulas, mas busca constantemente expandir suas possibilidades musicais.

Para muitos fãs e críticos, Perpétuo é a síntese da trajetória do trio até aqui: peso, crítica social, diversidade sonora e uma identidade firme. Como disseram os próprios integrantes em entrevistas recentes, o álbum é sobre continuidade e resistência, refletindo a ideia de que a luta e a música do Black Pantera são “perpétuas”.

Luta Antirracista, Representatividade e Futuro Promissor

Mais do que uma banda de rock, o Black Pantera se tornou um símbolo de representatividade. O engajamento em causas sociais é parte essencial de sua identidade artística. As letras carregam mensagens contra o racismo, contra a exclusão social e a favor da diversidade. Esse posicionamento não só fortalece a imagem da banda, mas também cria um vínculo real com o público.

Chaene da Gama, baixista e vocalista, já destacou em entrevistas a importância de criar espaços seguros dentro do rock para pessoas negras, que muitas vezes não se sentiam contempladas nesse cenário. O discurso da banda vai além da música: é um convite para refletir sobre o papel do rock como ferramenta de resistência e inclusão.

“Queremos que as pessoas negras vejam que existe um espaço para elas no rock brasileiro. Esse gênero também é nosso, e precisamos ocupar esses palcos”, afirmou Chaene em uma das falas mais marcantes do grupo. Essa postura tem inspirado novas gerações e ajudado a desconstruir a ideia de que o rock no Brasil é limitado a certos grupos sociais.

Com um repertório sólido, uma base de fãs crescente e reconhecimento da crítica, o Black Pantera está em um momento crucial da carreira. O álbum Perpétuo abriu portas para novos públicos, e os shows em grandes festivais mostraram que o trio já conquistou seu espaço entre os nomes mais relevantes do rock nacional.

O futuro promete ser ainda mais intenso, com possibilidade de participação em festivais internacionais e colaborações com outros artistas de peso. O grupo demonstra maturidade para lidar com os desafios da indústria e não abre mão de sua mensagem, que continua sendo o motor principal de sua trajetória.

No cenário atual, em que o rock brasileiro busca se reinventar e alcançar novos públicos, o Black Pantera surge como uma das bandas mais importantes e relevantes. Com autenticidade, energia e posicionamento firme, eles não apenas conquistaram palcos, mas também corações.

Black Pantera no Porão do rock 2025 em Brasília-DF. | Foto: Esdras Junior (@eje.producer)

LEIA TAMBÉM: