BILLIE EILISH destina US$ 11,5 milhões a causas sociais e desafia bilionários: “Doem seu dinheiro”

Cantora faz discurso incisivo durante evento do The Wall Street Journal e anuncia a doação de parte das receitas de sua turnê

Redação - SOM DE FITA

11/3/2025

Aos olhos de um dos ambientes mais influentes de Nova York, Billie Eilish fez muito mais do que receber uma premiação: ela fez um convite — quase uma provocação — aos muito ricos para que façam mais com seu capital. No evento de premiação da revista do jornal The Wall Street Journal (WSJ), realizado em 29 de outubro de 2025, a artista anunciou que vai destinar US$ 11,5 milhões de sua turnê Hit Me Hard and Soft a instituições que atuam em questões de equidade alimentar, justiça climática e redução da poluição.

Além da doação, o ponto que mais chamou atenção foi o tom direto: “Se você é bilionário, por que é bilionário?”, questionou Eilish, no que soou como um chamado à responsabilidade daqueles que detêm grandes riquezas.

Na matéria que você lê agora — nos moldes exigidos para portais de notícias e monetização por meio do Google AdSense — vamos explorar de forma clara, imparcial e despojada três aspectos desse anúncio: 1) o contexto e o evento; 2) a doação em si e os beneficiados; 3) o recado aos bilionários e o debate sobre desigualdade.

O momento e o cenário do anúncio

O palco foi o evento anual da seção Innovator Awards da revista do The Wall Street Journal, cujo objetivo é reconhecer figuras que se destacam em várias áreas — música, tecnologia, moda e filantropia. Nesse contexto, Billie Eilish foi homenageada com o prêmio de “Music Innovator”.

Durante seu discurso de agradecimento, feito no museu MoMA em Nova York, a cantora voltou-se para o público presente, que incluía nomes como Mark Zuckerberg e George Lucas — figuras bilionárias ou próximas desse universo de grande fortuna.

Eilish abriu o discurso com um tom de sinceridade: “We’re in a time right now where the world is really, really bad and really dark and people need empathy and help more than, kind of, ever, especially in our country.” ("Estamos vivendo um momento em que o mundo está realmente muito, muito ruim e sombrio, e as pessoas precisam de empatia e ajuda mais do que nunca — especialmente em nosso país." ) disse ela.

Na sequência, o anúncio da doação foi coletivo: o apresentador do evento, Stephen Colbert, informou que ela destinará US$ 11,5 milhões da turnê para causas sociais.

Esse tipo de momento — onde artistas usam visibilidade para chamar atenção à desigualdade ou pedir ações — não é novo, mas vem ganhando força. O que chama atenção aqui, contudo, é a combinação entre discurso franco contra concentração de recursos e anúncio concreto de doação em valores elevados.

A doação de US$ 11,5 milhões — para quem e por quê

No cerne da matéria está o valor anunciado: US$ 11,5 milhões provenientes da turnê “Hit Me Hard and Soft”.

Esses recursos serão destinados a organizações e projetos que atuam em três frentes principais: equidade alimentar, justiça climática e redução da poluição de carbono.

A cantora já mantinha engajamento prévio com causas ambientais, por meio do seu programa chamado Changemaker. Em outras ocasiões, ela foi vista apoiando iniciativas como o Reverb Music Decarbonization Project e o Music Climate Revolution, que incentivam turnês com menor impacto ambiental.

Billie Eilish no show de estreia da turnê "Hit Me Hard and Soft" | Foto: Kevin Mazur/Reprodução

Ou seja: a doação não chega como “uma surpresa” isolada, mas como continuação de um trabalho já em curso. Ainda assim, o valor e o momento realçam a iniciativa. Para o leitor, essa é uma imagem de artista que não só fala, mas também canaliza parte do seu lucro para causas que ela considera urgentes.

Do ponto de vista de credibilidade, é importante observar que o anúncio foi feito publicamente e confirmado por veículos internacionais. Apesar disso, vale ressaltar que detalhes como quantas instituições específicas serão beneficiadas, qual o cronograma de liberação dos recursos ou os critérios exatos de seleção das organizações ainda não foram amplamente divulgados — algo comum em grandes anúncios de filantropia. Assim, embora os fatos principais (valor, origem, destinação em linhas gerais) estejam verificados, alguns elementos de execução permanecem a serem detalhados.

O recado aos bilionários e o contexto da desigualdade

Talvez o momento mais comentado da noite tenha sido a frase de Eilish direcionada à parte da plateia de ultra-ricos: “Love you all, but there's a few people in here who have a lot more money than me. And if you're a billionaire, why are you a billionaire? No hate, but give your money away, shorties.” ("Amo todos vocês, mas tem algumas pessoas aqui que têm muito mais dinheiro do que eu. E se você é bilionário, por que é bilionário? Sem ódio, mas doem o seu dinheiro, queridinhos." )

Essa fala veio carregada de provocação suave — ela não acusou diretamente ninguém, mas fez questão de questionar a legitimidade ou a funcionalidade de acumular fortunas diante de crises globais.

De forma mais ampla, há alguns pontos de contexto que ajudam a entender por que essa declaração repercute:

  • O número de bilionários no mundo continua a crescer. Um relatório do Oxfam International mencionou que, em 2024, mais de 200 novos bilionários foram adicionados à lista global.

  • A filantropia, por mais importante que seja, não é vista por alguns analistas como suficiente para equilibrar as desigualdades estruturais de riqueza. Como disse o pesquisador Chuck Collins: “In the end, philanthropy is not a substitute for a fair and effective tax system.”

  • A iniciativa da própria Eilish sinaliza uma tensão entre agir individualmente (ela está fazendo) e transformar o sistema (como cobrar que outros façam ou que políticas mudem).

Dessa forma, o que se dá ali é mais do que um “bom ato”; é um chamado à reflexão sobre o papel da riqueza na sociedade moderna, sobre até que ponto figuras de grande fortuna têm responsabilidade ou obrigação — moral ou social — de reverter parte de seu capital em benefício coletivo.

Para o público, esse episódio serve como um exemplo relevante de como celebridades podem mobilizar visibilidade e recursos para além do show-business — mas também de como discursos de ruptura e questionamento entram em cena em fóruns de elite.

Billie Eilish deu um passo notável — tanto em cifras quanto em simbolismo. Ao anunciar a doação de US$ 11,5 milhões de sua turnê para causas ligadas à alimentação, ao clima e à poluição, ela subiu ao palco não apenas como artista premiada, mas como agente cívica. Ao mesmo tempo, ao se dirigir diretamente aos bilionários na plateia com palavras de desafio, montou uma cena de autocrítica social em um ambiente tradicionalmente reservado ao glamour e ao lucro.

Para os leitores e seguidores do Som de Fita, esse caso reforça a interseção entre cultura, responsabilidade social e poder — exatamente as esferas que o site busca explorar. A atitude de Eilish coloca luz sobre uma pergunta que muitos evitam formular em profundidade: quando o acúmulo é legítimo? E quando começa a ser um problema?

Se o mundo “está muito, muito ruim e escuro”, como ela afirmou, resta saber quantos dos que detêm poder econômico irão ouvir — e agir.

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