Bandas que Fizeram Só um Disco… e Sumiram no Mapa

Elas chegaram com tudo, lançaram um álbum promissor — e desapareceram. Conheça bandas que deixaram apenas um disco como legado antes de sumirem do radar musical.

LISTAS

Redação - SOM DE FITA

6/9/2025

No universo da música, nem toda banda tem uma carreira longa e recheada de álbuns. Algumas surgem como uma explosão criativa, lançam um único disco arrebatador e... somem do mapa. Seja por tragédias, conflitos internos, desinteresse comercial ou simplesmente porque disseram tudo o que tinham pra dizer em um só trabalho, essas bandas deixaram um legado breve, mas inesquecível.

Nesta lista, relembramos artistas que entraram para a história com apenas um álbum oficial — e, mesmo assim, conquistaram o respeito de fãs e críticos. Algumas viraram cult. Outras, lendas. Todas deixaram saudade.

1. Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols (1977)

Ícones do punk britânico, os Sex Pistols foram mais um furacão do que uma banda tradicional. Em menos de três anos de existência, causaram escândalos em turnês, bateram de frente com o sistema, conquistaram legiões de fãs e aterrorizavam conservadores com suas atitudes anárquicas. O único disco oficial da banda, Never Mind the Bollocks, é até hoje considerado um dos álbuns mais importantes da história do rock. Mas, em meio a prisões, drogas, desorganização e a figura instável de Sid Vicious, a banda não resistiu. Após uma apresentação desastrosa em San Francisco, em 1978, Johnny Rotten anunciou o fim no palco com a frase: “Vocês já se sentiram enganados?”. E assim, uma das bandas mais incendiárias do punk se desfez com um único e lendário registro.

2. Jeff Buckley – Grace (1994)

Filho do também músico Tim Buckley, Jeff parecia predestinado ao brilho artístico — e entregou exatamente isso em Grace. Com sua voz celestial e arranjos intensamente emocionais, o álbum passou despercebido comercialmente no início, mas logo virou objeto de culto. A interpretação de “Hallelujah”, de Leonard Cohen, se tornou uma das mais celebradas da história da música. O disco é uma montanha-russa de emoções, transitando entre o rock alternativo, folk e blues. Mas o destino foi cruel: em 1997, antes de lançar o aguardado segundo álbum, Jeff morreu afogado no rio Wolf, no Tennessee. Grace acabou sendo sua única obra oficial em vida — e talvez justamente por isso tenha se tornado tão mitológica.

3. The La's – The La's (1990)

Com sua sonoridade pop de espírito britânico e um frescor melódico encantador, o The La’s parecia ter tudo para deslanchar. O hit “There She Goes” virou hino alternativo dos anos 90, sendo regravado por diversos artistas e até tocado em comerciais e trilhas de filmes. Mas o líder Lee Mavers ficou obcecado com a ideia de que o disco não estava “pronto” — mesmo após anos de gravação, refações e mudanças de produtores. Após o lançamento, ele declarou publicamente seu descontentamento com o resultado final e, insatisfeito com a indústria musical, praticamente desapareceu da cena. Mesmo sem nunca lançar um segundo disco, o The La’s virou referência cult, principalmente entre fãs de britpop e indie.

4. Rockit Girl – Jupiter (2003)

Pouca gente lembra do Rockit Girl, mas quem ouviu Jupiter nos anos 2000 certamente não esqueceu. Com uma pegada garageira, vocal feminino marcante e letras que misturavam sarcasmo e delicadeza, o álbum caiu no gosto de quem vivia a transição do alternativo para o indie pop. Com distribuição modesta e pouca presença na mídia, o disco virou um tesouro escondido da era MySpace. Após o lançamento, o grupo basicamente evaporou — sem shows grandes, sem clipes novos, sem mais material. Uma banda que surgiu no tempo certo, mas sem a estrutura ou o impulso de marketing necessário para seguir adiante.

5. Mother Love Bone – Apple (1990)

Considerada uma das bandas pioneiras do movimento grunge, o Mother Love Bone nasceu da efervescência musical de Seattle e carregava um potencial imenso. Liderada pelo carismático Andrew Wood, a banda misturava hard rock, glam e poesia urbana com energia contagiante. Mas, tragicamente, Wood morreu de overdose poucos dias antes do lançamento do disco Apple. A morte prematura do vocalista encerrou a banda antes que ela sequer pudesse colher os frutos do trabalho. Curiosamente, o luto e a vontade de homenagear Wood levaram membros remanescentes a formarem o Temple of the Dog — e, em seguida, o Pearl Jam. O único disco da banda virou símbolo de um futuro que nunca chegou.

6. Operation Ivy – Energy (1989)

O Operation Ivy é uma daquelas bandas que deixou uma marca profunda em um curto espaço de tempo. Seu único disco, Energy, é uma descarga sonora de ska punk que influenciaria gerações. Com letras políticas, ritmo acelerado e uma atitude DIY (do it yourself), a banda se tornou um marco da cena underground americana. Mesmo com o sucesso no circuito alternativo, a banda acabou no mesmo ano do lançamento do álbum. Os integrantes Tim Armstrong e Matt Freeman seguiram para o Rancid, banda que manteve a chama do punk acesa nos anos 90. Mesmo com uma vida curta, o Operation Ivy é até hoje referência para bandas que misturam punk com ritmos jamaicanos.

7. Blind Faith – Blind Faith (1969)

O termo “supergrupo” nunca foi tão apropriado quanto neste caso. Formada por Eric Clapton (Cream), Steve Winwood (Traffic), Ginger Baker (Cream) e Ric Grech (Family), a banda surgiu como uma junção de talentos consagrados em busca de novos ares. O álbum homônimo tem momentos brilhantes, como “Presence of the Lord” e “Can’t Find My Way Home”, e representa bem a psicodelia bluesy do final dos anos 60. Mas conflitos de ego, diferenças artísticas e expectativas irreais fizeram o projeto ruir rapidamente. Em menos de um ano, o grupo já tinha encerrado suas atividades. O disco, no entanto, permanece como um dos registros mais emblemáticos da efemeridade artística.

8. Young Marble Giants – Colossal Youth (1980)

Poucas bandas foram tão minimalistas e, ao mesmo tempo, tão influentes quanto o Young Marble Giants. Colossal Youth é um disco silencioso, introspectivo e repleto de espaços vazios que criam tensão e charme ao mesmo tempo. As composições, que misturam post-punk com new wave e música experimental, conquistaram uma legião de fãs cult. Mas os próprios integrantes pareciam pouco interessados no estrelato: não houve uma grande turnê, nem segundo disco. A banda se desfez discretamente e seguiu caminhos distintos. Décadas depois, músicos como Kurt Cobain, Courtney Love e Stuart Murdoch (do Belle & Sebastian) citariam o trio galês como grande influência.

9. Them Crooked Vultures – Them Crooked Vultures (2009)

Imagine reunir Josh Homme (Queens of the Stone Age), Dave Grohl (Foo Fighters, ex-Nirvana) e John Paul Jones (Led Zeppelin). Foi exatamente isso que aconteceu com o Them Crooked Vultures. O disco, lançado em 2009, mistura o peso moderno do stoner rock com a classe do rock clássico setentista. A crítica aplaudiu. Os fãs vibraram. Mas, mesmo com uma turnê bem-sucedida e promessas de um segundo trabalho, a banda nunca mais lançou nada. Cada integrante voltou a focar em seus projetos principais, e o supergrupo virou lenda. Até hoje, os fãs se perguntam se um novo álbum ainda poderá surgir. Por enquanto, só há o debut — e que debut.

10. Elán – Street Child (2003)

A mexicana Elán surgiu no começo dos anos 2000 como uma das apostas do rock pop latino com ambições internacionais. Seu disco Street Child trouxe faixas em inglês, produção caprichada e um som que lembrava Alanis Morissette e Fiona Apple, mas com identidade própria. “Midnight” chegou a tocar em rádios brasileiras e teve bom desempenho em trilhas de novelas e canais alternativos. Mas, com o passar dos anos, a artista recuou dos holofotes internacionais. Ela seguiu lançando alguns trabalhos no México, mas longe do mesmo alcance. Seu primeiro disco segue como um retrato de uma era em que o pop rock feminino estava no auge — e ainda hoje encontra novos ouvintes nostálgicos.


Essas bandas mostram que não é preciso uma discografia extensa para marcar território. Às vezes, um só álbum basta para deixar uma herança poderosa — ou, no mínimo, um gosto de “quero mais”. Sejam lendas do punk, heróis alternativos ou supergrupos efêmeros, todos eles provaram que, mesmo sumindo do mapa, continuam vivos na memória de quem ouviu.

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