Azul Limão: Os pioneiros cariocas do metal cantado em português

Lendária banda do underground nacional segue viva décadas após lançar um dos primeiros álbuns de heavy metal tradicional do Brasil

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Redação - SOM DE FITA

6/5/2025

Quando se fala sobre os alicerces do heavy metal brasileiro, nomes como Stress, Dorsal Atlântica e Centúrias quase sempre aparecem de imediato. Mas um capítulo essencial dessa história foi escrito no Rio de Janeiro, por um grupo que decidiu que o português também podia soar pesado: o Azul Limão.

Formada em 1981, a banda surgiu no embalo da explosão do metal mundial, absorvendo influências diretas da NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), mas com uma abordagem própria, carregada de identidade nacional. Na contramão de muitas bandas da época, o Azul Limão optou por escrever suas letras em português, reforçando o peso das mensagens e se conectando de forma direta com o público local.

Seu primeiro disco, “Vingança” (1986), é considerado um marco do heavy metal brasileiro. Lançado pelo selo Rock Brigade Records, ligado à tradicional revista Rock Brigade, o álbum trouxe faixas como Portas da Imaginação e a própria Vingança, com riffs rápidos, vocais rasgados e letras que falavam de opressão, resistência e poder pessoal.

Apesar do impacto no underground, o Azul Limão enfrentou as dificuldades clássicas das bandas independentes brasileiras nos anos 80: pouca estrutura, falta de apoio da mídia tradicional e ausência de um mercado estabelecido para o gênero. Ainda assim, o disco circulou bem entre fanzines, rádios alternativas e tape traders, tornando-se cultuado ao longo do tempo.

A banda passou por algumas pausas e reformulações, mas nunca chegou a encerrar oficialmente as atividades. Em 2008, voltaram à ativa com o lançamento do álbum “Regras do Jogo”, reafirmando sua proposta sonora e mostrando que ainda tinham combustível para manter o som pesado e direto.

Legado

O Azul Limão é frequentemente citado como um dos pilares do metal tradicional nacional. Sua coragem de cantar em português e sua persistência numa cena que pouco favorecia o gênero ajudaram a pavimentar o caminho para muitas bandas que vieram depois.

Hoje, com mais de 40 anos de estrada, o Azul Limão mantém sua relevância não só pela nostalgia dos anos 80, mas por ter resistido — fiel às raízes — em um cenário onde muitos sucumbiram.

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