Aprender um INSTRUMENTO MUSICAL após os 50 pode desacelerar o ENVELHECIMENTO CEREBRAL, revela pesquisa internacional

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Redação - SOM DE FITA

10/16/2025

Aprender algo novo nunca é tarde — e agora a ciência confirma que essa escolha pode ir além da satisfação pessoal: pode ajudar o cérebro a envelhecer mais devagar. Uma pesquisa publicada recentemente na revista Nature Communications, envolvendo mais de 1.400 participantes de 13 países, revelou que pessoas que se dedicam a atividades criativas — como tocar um instrumento, cantar, dançar ou até jogar videogame — tendem a manter um cérebro “mais jovem”, com conexões neurais mais eficientes e melhor desempenho cognitivo.

O estudo analisou o impacto de hábitos criativos em pessoas acima dos 50 anos e descobriu que, mesmo quando iniciadas mais tarde na vida, essas atividades são capazes de estimular áreas cerebrais relacionadas à memória, atenção e aprendizado. Em outras palavras: nunca é tarde para aprender um novo acorde.

A música como exercício para o cérebro

De acordo com o neurologista Renato Anghinah, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores da pesquisa, a descoberta reforça a importância de manter o cérebro ativo com práticas que desafiem o raciocínio e estimulem a criatividade.

Em entrevista ao portal G1, Anghinah explicou que “não é que o cérebro rejuvenesce — ele envelhece mais lentamente”. Segundo o especialista, o efeito está relacionado à neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de formar novas conexões e se adaptar a novos aprendizados ao longo da vida.

“O cérebro dessas pessoas mantém sua capacidade de resposta e de criação por mais tempo”, afirma o neurologista. Esse processo de renovação constante é semelhante ao que acontece quando alguém se exercita fisicamente: quanto mais o corpo é desafiado, mais ele se fortalece. No caso da mente, o “exercício” é intelectual e sensorial.

Ainda segundo o pesquisador, aprender música depois dos 50 ou 60 anos é totalmente viável e pode gerar benefícios concretos e mensuráveis. “Se a pessoa resolve entrar num coral ou aprender um instrumento, ela vai criar novas conexões e reativar habilidades antigas”, explica. “A neuroplasticidade funciona até o fim da vida.

Esses resultados reforçam que o aprendizado musical não deve ser visto apenas como hobby, mas como uma ferramenta eficaz de saúde cerebral — algo comparável, em importância, a uma boa dieta e à prática regular de exercícios físicos.

Criatividade e longevidade cognitiva

A pesquisa também indica que a criatividade é um dos pilares para a longevidade cognitiva. Pessoas que se mantêm envolvidas com expressões artísticas e atividades intelectualmente estimulantes apresentam melhor desempenho em testes de memória, raciocínio e concentração.

Renato Anghinah defende que “as atividades criativas fazem parte da complexidade da nossa cognição e precisam estar no centro das políticas públicas”. Para ele, o estímulo à cultura e à arte não é apenas uma questão de lazer, mas de saúde pública.

Os dados do estudo sugerem que atividades artísticas ajudam a preservar regiões cerebrais relacionadas à emoção e à linguagem, que costumam sofrer declínio com a idade. A prática musical, por exemplo, exige atenção, coordenação motora e percepção auditiva, elementos que ativam múltiplas áreas do cérebro simultaneamente.

Além disso, tocar um instrumento ou participar de um coral envolve interação social, o que também contribui para o bem-estar emocional e reduz o risco de doenças como a depressão e o isolamento — fatores reconhecidamente associados ao envelhecimento cognitivo acelerado.

A música, portanto, atua como uma espécie de “terapia cognitiva natural”, promovendo prazer, memória afetiva e senso de pertencimento.

Idoso aprendendo violão em momento de concentração e descoberta musical | Crédito: AntonLozovoy/Depositphotos

Um incentivo para recomeçar

O estudo também quebra o mito de que o aprendizado musical deve começar na infância. Embora seja verdade que o cérebro infantil apresenta maior plasticidade, os pesquisadores mostram que a capacidade de adaptação permanece ativa durante toda a vida.

Em pessoas mais velhas, aprender a tocar violão, piano ou qualquer outro instrumento pode ser o impulso necessário para melhorar o humor, a concentração e até o sono. A prática regular favorece o equilíbrio emocional e estimula a liberação de dopamina — neurotransmissor ligado à sensação de prazer e motivação.

O neurologista destaca ainda que a combinação entre música e rotina saudável potencializa os resultados: “As atividades criativas deveriam ter o mesmo peso que o exercício físico e a boa alimentação”, defende Anghinah. “Quando associamos todas essas práticas, criamos um ambiente ideal para o envelhecimento saudável.”

O estudo também abre caminho para políticas públicas que incentivem o aprendizado artístico em todas as faixas etárias, não apenas como atividade extracurricular, mas como estratégia de prevenção de doenças neurodegenerativas.

Um convite da ciência: tire o violão do armário

Se faltava um motivo para começar (ou recomeçar) aquele curso de música, a ciência agora dá um empurrão definitivo. Aprender a tocar um instrumento, cantar em um coral ou explorar novas formas de arte não é apenas entretenimento — é cuidado com o cérebro.

O mais importante, segundo os pesquisadores, é manter-se curioso e aberto a novas experiências. Não há limite de idade para se reinventar cognitivamente. Cada acorde aprendido, cada canção ensaiada, é uma forma de manter o cérebro ativo, criativo e resiliente.

Como resume o estudo, a arte não apenas embeleza a vida — ela a prolonga, em todos os sentidos.

Conclusão

O estudo publicado na Nature Communications reforça o que muitos músicos já intuíram há décadas: a música é uma poderosa aliada da mente. Mais do que uma atividade de lazer, ela é uma ferramenta de bem-estar e longevidade.

Para quem tem mais de 50 anos, nunca é tarde para começar — e o cérebro agradece. Afinal, como diz Anghinah, “a neuroplasticidade funciona até o fim da vida”. Então, se aquele violão está encostado no canto da sala, talvez este seja o momento ideal para afiná-lo e deixar a mente tocar em um novo ritmo.

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