FOTO: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

Alice Cooper retornou a São Paulo para fechar a noite de sábado (14) no festival Best of Blues and Rock com uma performance que foi muito além do rock teatral. Aos 77 anos, o artista norte-americano mostrou fôlego invejável, amparado por uma banda afiada e um espetáculo visual que mistura elementos clássicos do shock rock com humor, crítica e teatralidade.

O show, parte da turnê Too Close for Comfort, contou com um repertório que percorre diferentes fases da carreira do músico, com destaque para clássicos como “No More Mr. Nice Guy”, “I’m Eighteen”, “Billion Dollar Babies” e, claro, o hino “School’s Out”. Entre as faixas, Cooper costura pequenas encenações, como sua "execução" em uma guilhotina ou a já tradicional camisa de força em “Ballad of Dwight Fry”, sempre com um toque de ironia e espetáculo.

Ao lado de Cooper, a banda entregou um desempenho técnico de altíssimo nível. A guitarrista Nita Strauss se destacou com solos precisos e presença marcante, enquanto Ryan Roxie e Tommy Henriksen completaram o trio de cordas com competência. O baterista Glen Sobel e o baixista Chuck Garric garantiram a base sólida de um som que, apesar de teatral, é acima de tudo bem tocado.

Em meio a bonecas, chicotes, balões gigantes e bolhas de sabão, o show evitou se apoiar apenas em nostalgia. Músicas mais recentes, como “Welcome to the Show”, também marcaram presença, embora os momentos mais celebrados pelo público tenham sido os hits das décadas de 70 e 80 — com direito até a um trecho de “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd, durante o encerramento.

Com mais de 50 anos desde sua primeira visita ao Brasil, Alice Cooper parece ter entendido que não precisa mais chocar — basta entreter com inteligência. “Até hoje falamos sobre aqueles shows”, relembrou ele em entrevista, referindo-se às lendárias apresentações de 1974 que reuniram 160 mil pessoas no Anhembi.

No saldo final, Cooper entregou um dos maiores espetáculos da história do festival, que já recebeu nomes como Jeff Beck, Buddy Guy e Tom Morello. Uma performance que mostra que o personagem Alice continua mais vivo do que nunca — e que ainda sabe exatamente como manter sua plateia hipnotizada.

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