ALICE COOPER aconselha músicos a voltarem ao básico: “ouçam os BEATLES”
Durante evento nos Estados Unidos, o veterano do rock reforçou a importância da melodia e da estrutura nas composições
Redação - SOM DE FITA
11/12/2025




Durante uma sessão de perguntas e respostas no Rock ’N’ Roll Fantasy Camp, realizado no Arizona, Alice Cooper deu um conselho que não veio cheio de metáforas ou glamour: “ouçam os Beatles”. O comentário surgiu quando o cantor foi questionado sobre o que considera essencial para qualquer artista que queira compor músicas duradouras.
“É sério. Não importa se você faz death metal. Ouça os Beatles pela simplicidade das composições”, disse Cooper. “Uma música não é só um riff e uma batida. Você precisa conseguir sentar, tocar e cantar aquela melodia.”
A fala foi registrada pelo site Blabbermouth e rapidamente se espalhou entre músicos e fãs. Cooper destacou que, ao observar novas bandas, percebe que muitos artistas priorizam força e atitude, mas esquecem o que sustenta uma canção: a melodia. Segundo ele, “vocês estão com raiva, estão gritando, mas onde está a música? Tem riff, tem batida, mas não tem canção.”
Alice Cooper, que ajudou a definir o visual e a teatralidade do hard rock, reforçou que entender a estrutura musical continua sendo o que separa o barulho passageiro de uma obra que resiste ao tempo.
O peso da melodia e o esquecimento da estrutura
Cooper foi direto ao ponto: muita técnica e pouca música. Em sua visão, parte da nova geração de músicos se perde em buscar originalidade sem dominar o básico. O cantor explicou que, em qualquer estilo — do metal extremo ao pop —, é a construção melódica que conecta a canção ao público.
Ele recomendou que artistas ouçam não apenas os Beatles, mas também nomes como Beach Boys, Four Seasons e Burt Bacharach. O objetivo, segundo ele, é aprender como esses artistas estruturavam suas músicas: “Você não precisa soar como eles, mas precisa entender o que é um verso, uma ponte, um refrão. É isso que faz uma música durar.”
Para Cooper, essa compreensão é o que torna uma faixa capaz de atravessar gerações. Ao citar os Beatles, ele ressaltou o que considera o segredo da longevidade do grupo: “A melodia. Todos nós queremos ouvir melodias.”
O recado não vem de alguém alheio à evolução da música. Aos 76 anos, Cooper ainda grava, faz turnês e acompanha de perto as transformações do rock e do metal. O artista reconhece o valor da agressividade e da energia, mas alerta que sem melodia não há sustentação.



Alice Cooper, ícone do hard rock, defende que compreender a estrutura musical é o que transforma som em arte duradoura | Foto: Reprodução

Um lembrete sobre o que realmente importa na composição
A fala de Alice Cooper pode parecer simples, mas reflete uma visão prática sobre o que mantém a música relevante. Ele não se refere a copiar estilos antigos, e sim a entender como as grandes canções são construídas. Em uma época em que boa parte da produção é feita com pressa e dependente de algoritmos, o músico reforça que o público ainda busca canções que possam ser lembradas.
Ao longo da carreira, Cooper sempre uniu teatralidade com composições sólidas. “School’s Out”, “I’m Eighteen” e “Poison” não ficaram marcadas apenas pelo visual, mas por estruturas musicais simples e eficazes — algo que ele credita à influência direta dos Beatles.
O conselho também reflete uma observação de décadas de estrada. O cantor começou sua trajetória nos anos 1960, quando o rock passava por mudanças rápidas e a concorrência criativa era intensa. Ver novas gerações ignorarem fundamentos básicos é, para ele, um sinal de desconexão com o que faz uma música funcionar.
Em entrevistas anteriores, Cooper já havia dito que o problema não é a falta de talento, mas a ausência de escuta atenta. “Todo mundo quer ser original, mas ninguém quer aprender com quem veio antes. E é aí que se perde a música”, afirmou em outro momento.
No Rock ’N’ Roll Fantasy Camp, o tom foi parecido. O artista reforçou que o aprendizado sobre composição não precisa vir apenas do rock. Ele citou compositores de pop, jazz e até trilhas sonoras como exemplos de como o domínio da melodia pode ser aplicado a qualquer gênero.
Ouvir antes de criar
Alice Cooper não tentou dar uma aula, mas sim deixar um aviso claro: sem melodia, não há canção. Sua fala é direta e pragmática — um lembrete de que entender o básico é o primeiro passo para inovar.
A recomendação de “ouvir os Beatles” resume o que muitos músicos acabam esquecendo ao longo do caminho. Antes de buscar o som mais pesado, técnico ou experimental, é preciso entender o que faz uma música grudar na cabeça e no coração.
No fim, o conselho de Cooper não é sobre nostalgia, e sim sobre fundamento. “A melodia”, disse ele, “é o que mantém tudo vivo”.
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