No meio de um bar na movimentada Cidade Baixa, em Porto Alegre, Alceu Valença foi direto ao ponto ao falar sobre criação musical: o segredo está em fugir da cópia. “Uma vez eu dei uma dica para um menino que tinha um grupo de rock: ‘Deixa de ouvir tudo isso agora e começa a ouvir as coisas do Brasil!’”, contou o artista em entrevista ao Jornal Tabaré. Para ele, quem passa o tempo todo ouvindo Led Zeppelin corre o risco de se tornar apenas uma cópia: “O cara que gosta de Led Zeppelin, se ficar ouvindo o tempo todo isso, vai virar um subproduto do Led.”

Apesar de não se considerar parte da cena roqueira, Alceu reconhece que o rock está na sua atitude, não necessariamente no estilo. “Fui fazer o Jazz Festival, nos Estados Unidos, e aí um repórter me falou que tinha ouvido o Vivo! e pirado. Aquilo é rock que não é rock, mas é rock! Manjou? É o que não é.”

Para ilustrar, citou um clássico de seu repertório: “Um certo dia eu perguntei à Maria / Se hoje é noite de São João... Isso é um baião, porra! Mas o arranjo é rock. Muito mais que a essência, que é brazuca total.”

Alceu também revelou que nunca foi um grande consumidor de música. “Eu não tenho disco, não vi os músicos. Todo mundo fala em Beatles… Eu vi os Beatles agora com o meu filho, que tem 11 anos, e achei maravilhoso.”

Ele acredita que sua criação artística foi moldada por sua história familiar. “Quando eu era menino, meu pai não queria que eu fosse artista. Todos na família se formaram, menos os dois que tocavam. Então ele tinha posses, mas nós não tínhamos som.” Antes de mergulhar na música, Alceu atuou como advogado e jornalista no Jornal do Brasil, mas foi na autenticidade que encontrou seu caminho. “É um novo som que ninguém faz no mundo. Eu inventei um som.”

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