
A Ciência por Trás do Tema de Super Mario Bros.
Como a trilha sonora de um jogo de 1985 virou referência em estudos sobre memória, cognição e cultura pop
MATÉRIA
Redação - SOM DE FITA
6/20/2025




A música de abertura de Super Mario Bros. é reconhecida quase instantaneamente por milhões de pessoas no mundo todo. Desde seu lançamento em 1985, essa melodia — oficialmente chamada de “Ground Theme” — ultrapassou as barreiras do entretenimento eletrônico e se firmou como um verdadeiro ícone cultural. O que poucos sabem é que, além de sua presença marcante no imaginário coletivo, essa trilha sonora se tornou objeto de estudo em diversas áreas acadêmicas, incluindo psicologia, neurociência, educação musical e design de jogos.
A trilha foi composta por Koji Kondo, que na época era o primeiro compositor interno da Nintendo, contratado exclusivamente para criar música para jogos. Com pouquíssimos canais de som disponíveis no NES (Nintendo Entertainment System), ele conseguiu criar algo que não só acompanhava perfeitamente o ritmo do jogo, mas também permanecia na mente dos jogadores por décadas. A capacidade de Kondo de traduzir a leveza e o dinamismo do gameplay em uma melodia simples, alegre e funcional tornou sua criação um marco na história dos videogames.
Uma Trilha Pensada para Jogar
O casamento entre jogabilidade e música virou estudo de caso
Koji Kondo não compôs uma trilha qualquer. Ele compôs uma experiência sonora que interage diretamente com o jogador. Em entrevistas, Kondo explicou que testava as músicas ao piano enquanto jogava, buscando um ritmo que combinasse perfeitamente com os movimentos do personagem. A “Ground Theme” não é apenas uma música agradável: ela reforça as ações na tela e sustenta o clima do jogo com precisão cirúrgica.
Pesquisadores notaram que essa abordagem antecipou o conceito moderno de música interativa, em que a trilha reage ao que está acontecendo no jogo, mesmo que de forma rudimentar. Ao estudar Super Mario Bros., muitos acadêmicos veem ali um dos primeiros exemplos eficazes de como som e ação podem se fundir para criar uma experiência imersiva, ainda que sem recursos tecnológicos sofisticados.
Com o passar dos anos, universidades e centros de pesquisa passaram a analisar esse tipo de música sob uma nova ótica: não apenas como trilha sonora, mas como ferramenta cognitiva e emocional. O som de Mario virou base para investigações sobre foco, atenção seletiva e engajamento em tarefas lúdicas.
Memória Auditiva e Nostalgia
Por que ouvimos algumas notas e já somos transportados para a infância?
Estudos indicam que a música de Super Mario Bros. ativa áreas do cérebro ligadas à memória afetiva e à recompensa, como o hipocampo e o núcleo accumbens. Isso acontece especialmente com pessoas que tiveram contato com o jogo durante a infância. Um estudo conduzido na Universidade de Leeds, no Reino Unido, revelou que os participantes identificavam mais rapidamente trilhas de videogame antigas do que músicas populares do mesmo período.
Esse fenômeno é atribuído à repetição ativa. Enquanto ouvimos músicas no rádio de forma passiva, as trilhas dos jogos são ouvidas enquanto executamos tarefas, tomamos decisões e enfrentamos desafios. O cérebro associa a música a ações e emoções específicas, criando marcadores mentais profundos que são facilmente acessados com o passar dos anos.
A simplicidade da melodia de Koji Kondo também é um fator determinante. A progressão harmônica clara, o uso de escalas maiores e o ritmo sincopado fazem com que a música seja facilmente reconhecível e memorável. É por isso que ela é frequentemente usada em terapias de estímulo cognitivo com idosos, em estudos sobre Alzheimer e até em projetos de gamificação educacional.
Do Controle ao Quadro Negro
Como a trilha virou exemplo acadêmico e entrou para a história
Atualmente, a música de Super Mario Bros. figura em artigos científicos, palestras e programas de ensino. Em faculdades de música, é analisada por sua eficácia e simplicidade. Em cursos de design de jogos, serve como referência em sound design. E na neurociência, continua sendo usada em experimentos para entender os impactos do som no comportamento humano.
Em 2023, a importância dessa trilha foi reconhecida oficialmente quando ela foi inserida no Registro Nacional de Gravações dos Estados Unidos — o mesmo que preserva obras de artistas como Bob Dylan e John Lennon. Foi a primeira vez que uma trilha de videogame entrou nesse acervo, consolidando seu lugar na história da cultura contemporânea.
O legado da trilha de Super Mario Bros. mostra como algo criado dentro de um cartucho de 8 bits pode ultrapassar fronteiras, desafiar expectativas e transformar a forma como compreendemos o som, a memória e a emoção. Mais do que uma trilha marcante, é um caso de estudo — e um clássico eterno.
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