
8 ARTISTAS que sabotaram o próprio SUCESSO de PROPÓSITO
Quando o estrelato se tornou um fardo e a escolha foi seguir na contramão da fama
Redação - SOM DE FITA
9/17/2025



Imagem gerada por IA

A história da música está repleta de ídolos que pareciam destinados a brilhar eternamente nos holofotes, mas decidiram fazer o oposto: colocaram o pé no freio ou até mesmo jogaram fora a chance de continuar no topo. Em vez de seguir as fórmulas de sucesso que garantiriam fortuna e relevância, alguns artistas escolheram sabotar suas próprias carreiras, seja por exaustão, desinteresse, princípios ideológicos ou simplesmente por não suportarem a máquina da indústria cultural.
Esse comportamento, que pode soar como autossabotagem, muitas vezes revela uma postura crítica diante da fama e da lógica comercial da música. O que para alguns fãs parece insano — recusar shows lotados, contratos milionários ou prêmios cobiçados —, para esses artistas era a única forma de manter alguma integridade pessoal ou artística.
A seguir, relembramos alguns casos emblemáticos de músicos que sabotaram o próprio sucesso de propósito.
Syd Barrett (Pink Floyd)
Um dos exemplos mais icônicos é o de Syd Barrett, fundador e primeiro líder do Pink Floyd. Gênio criativo por trás de álbuns como The Piper at the Gates of Dawn (1967), Barrett rapidamente se tornou uma figura central do rock psicodélico britânico. No entanto, quando o sucesso começou a escalar, ele reagiu de forma quase deliberada contra sua própria carreira.
Embora questões de saúde mental e o uso excessivo de LSD tenham desempenhado um papel fundamental, há registros de que Barrett também se recusava a seguir qualquer padrão de comportamento esperado pela indústria. Ele chegava a tocar apenas uma corda da guitarra durante apresentações, ou ficava parado no palco em silêncio, deixando seus companheiros de banda sem saída. Para muitos, esse comportamento foi tanto fruto de sua fragilidade quanto uma forma inconsciente de sabotar a lógica do show business. Resultado: acabou afastado da banda em 1968, quando o Pink Floyd despontava para a fama mundial.
Lauryn Hill
Após o estrondoso sucesso do álbum The Miseducation of Lauryn Hill (1998), Lauryn se tornou uma das artistas mais premiadas e aclamadas de sua geração. O Grammy, a crítica e o público a colocaram no topo da cena musical global. Mas, em vez de consolidar esse espaço, Hill seguiu outro caminho: cancelamentos frequentes, atrasos constantes em shows, isolamento e uma recusa clara em se submeter às pressões da indústria.
A própria cantora já declarou sentir que o ambiente da fama era tóxico e incompatível com sua visão espiritual e pessoal. Apesar de sua imensa relevância, ela praticamente desapareceu do mainstream nos anos 2000. Muitos fãs interpretam essa trajetória como uma sabotagem proposital, quase como se Hill tivesse escolhido preservar sua essência em detrimento da carreira comercial.
Ian Curtis (Joy Division)
O vocalista do Joy Division, Ian Curtis, nunca se mostrou confortável com a fama. Apesar de liderar uma das bandas mais influentes do pós-punk britânico, Curtis parecia mais distante do que empolgado com o crescimento do grupo. Sua luta contra a depressão e a epilepsia é parte central de sua história, mas também há relatos de que ele se sentia aprisionado pelas expectativas de gravadoras, da mídia e até dos fãs.
Na reta final de sua vida, Curtis demonstrava sinais claros de recusa em continuar no caminho de estrela do rock. Sua morte em 1980, às vésperas da primeira turnê do Joy Division pelos Estados Unidos, não só interrompeu a ascensão meteórica da banda, como também deixou evidente que, de certa forma, ele já vinha sabotando esse sucesso antes mesmo do desfecho trágico.
Nina Simone
Nina Simone poderia ter seguido o caminho de uma carreira milionária dentro do jazz e da soul music, mas suas convicções políticas falaram mais alto. Nos anos 1960, em plena ascensão, ela recusou diversas oportunidades comerciais para se dedicar à luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Ao colocar sua voz a serviço da militância, Simone perdeu contratos, foi boicotada e viu sua carreira se tornar instável.
Para muitos, o que parecia autossabotagem era, na verdade, uma escolha consciente: a de não compactuar com uma indústria que ignorava o sofrimento de seu povo. O preço foi alto em termos de sucesso comercial, mas sua relevância histórica cresceu ainda mais por essa postura.
Richey Edwards (Manic Street Preachers)
O guitarrista e letrista da banda galesa Manic Street Preachers, Richey Edwards, é lembrado tanto por sua genialidade quanto por sua postura autodestrutiva. Nos anos 1990, em meio ao boom do britpop, ele parecia deliberadamente sabotar a trajetória do grupo: recusava entrevistas, aparecia em shows com comportamento errático e se engajava em discursos contra a própria lógica da fama.
Seu desaparecimento em 1995, até hoje envolto em mistério, selou a ideia de que Edwards jamais quis ser uma peça funcional da engrenagem da indústria musical. Mesmo ausente, tornou-se símbolo de integridade artística e de resistência às pressões comerciais.
Bill Withers
Dono de clássicos como Ain’t No Sunshine e Lean On Me, Bill Withers teve tudo para se tornar um ícone mainstream duradouro. No entanto, quando começaram os conflitos com gravadoras e executivos, ele simplesmente decidiu se retirar. Em 1985, abandonou a carreira de forma quase definitiva, recusando convites para retomar o estrelato.
Para Withers, a música só fazia sentido enquanto fosse uma expressão autêntica. Quando isso deixou de ser possível, preferiu se afastar da fama em vez de se adaptar. Uma escolha rara em um mercado movido pela obsessão pelo sucesso.
Sly Stone
Líder do grupo Sly and the Family Stone, Sly foi um dos grandes nomes da soul e do funk nos anos 1970. Mas, em vez de seguir no embalo do estrelato, mergulhou em comportamentos erráticos, atrasos e cancelamentos que minaram sua carreira. Alguns interpretam essa trajetória como autossabotagem deliberada, uma recusa em se tornar um produto da indústria.
Hoje, Sly é lembrado como um artista que preferiu o silêncio à glória superficial. Sua obra segue influenciando gerações, mesmo que ele próprio tenha abandonado a disputa pelo sucesso.
Cat Stevens (Yusuf Islam)
Nos anos 1970, Cat Stevens era uma estrela mundial, dono de sucessos como Father and Son e Wild World. Mas, em 1977, no auge da fama, ele surpreendeu a todos ao se converter ao Islã e mudar completamente de vida. Passou a se chamar Yusuf Islam, abandonou a música pop e se dedicou à religião e a causas filantrópicas.
Durante décadas, recusou convites milionários para voltar aos palcos. Só nos anos 2000 retomou lentamente a carreira, mas sempre em seus próprios termos. Sua decisão foi vista por muitos como uma sabotagem consciente ao estrelato, mostrando que sua fé e suas convicções pessoais pesavam mais do que o sucesso.
Reflexão final
Ao olhar para esses exemplos, percebemos que a autossabotagem nem sempre é um gesto irracional. Em muitos casos, trata-se de uma escolha clara: não se submeter às regras impostas pela fama e pela indústria. Alguns artistas pagaram caro por essa decisão, desaparecendo dos holofotes ou perdendo fortunas. Outros, no entanto, se tornaram ainda mais lendários justamente por essa postura.
No fim das contas, esses casos mostram que o sucesso pode ser um fardo, e que nem todo mundo nasceu para ser refém dele. Para alguns, a verdadeira vitória foi dizer “não” ao que o mundo inteiro esperava que dissessem “sim”.

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