
7 DISCOS Gravados em Locais Amaldiçoados, Abandonados ou Assombrados
Quando a música vai de encontro ao sobrenatural: álbuns que nasceram em cenários de mistério e tensão
Redação - SOM DE FITA
9/10/2025



Imagem gerada por IA

Na história da música, a busca por atmosferas únicas levou muitos artistas a se aventurarem além dos estúdios tradicionais. Enquanto a maioria prefere a segurança de salas isoladas acusticamente, alguns músicos se sentiram atraídos por lugares carregados de histórias, lendas e até de um certo peso sobrenatural. Mansões abandonadas, castelos antigos, casas de crimes brutais e cidades com fama de berço do ocultismo se tornaram palco para discos que marcaram época.
Essas gravações não apenas resultaram em grandes álbuns, mas também renderam histórias de bastidores que misturam criatividade, medo e fascínio. A seguir, exploramos obras icônicas registradas em cenários onde o mistério e o assombro caminharam lado a lado com a música.
1. Led Zeppelin – "Led Zeppelin IV" (1971) e a Mansão de Headley Grange
O Led Zeppelin, já no auge de sua fama, escolheu Headley Grange para gravar parte de seu quarto álbum, um dos mais importantes da história do rock. A mansão vitoriana, construída em 1795, tinha fama de ser um local pesado, por ter servido como abrigo para órfãos e soldados. Não era apenas o clima frio e úmido que incomodava os músicos: relatos dão conta de portas que se fechavam sozinhas e uma sensação constante de não estarem sozinhos no casarão.
Jimmy Page, sempre envolvido com o ocultismo e estudioso de Aleister Crowley, se encantou pelo clima da propriedade e acreditava que a energia do lugar favorecia a inspiração. Foi ali que a banda gravou trechos históricos, como a bateria de John Bonham em “When the Levee Breaks”, considerada até hoje uma das gravações mais potentes já feitas. O ambiente sombrio, aliado ao talento do grupo, transformou o álbum em uma obra carregada de misticismo, reforçando o imaginário de que algo sobrenatural estava presente em suas sessões.
2. The Rolling Stones – "Exile on Main St." (1972) na Villa Nellcôte
Durante o exílio fiscal nos anos 70, os Rolling Stones se instalaram na Villa Nellcôte, no sul da França. A mansão, luxuosa mas impregnada de histórias pesadas, havia sido ocupada pela Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos afirmam que os porões, usados como estúdio improvisado, ainda carregavam a energia opressiva da época.
As gravações foram caóticas, marcadas por drogas, excessos e longas madrugadas. Porém, mais do que os excessos da banda, relatos apontam para um clima estranho na casa: equipamentos que falhavam sem explicação, instrumentos que desafinavam sozinhos e uma constante sensação de vigilância. Keith Richards, em especial, teria sentido um peso espiritual durante sua estadia. Apesar disso, o disco saiu das sessões turbulentas e é considerado um dos maiores clássicos da banda, com uma sonoridade crua e decadente que reflete bem o ambiente em que foi concebido.
3. Black Sabbath – "Sabbath Bloody Sabbath" (1973) no Castelo Clearwell
O Black Sabbath, frequentemente associado ao lado sombrio do rock, resolveu gravar parte de "Sabbath Bloody Sabbath" em Clearwell Castle, uma construção medieval localizada em Gloucestershire, Inglaterra. O castelo já era conhecido por sua fama de assombrado, com lendas de nobres e cavaleiros que supostamente ainda vagavam por seus corredores.
Os membros da banda relataram ouvir vozes, passos e sons inexplicáveis durante as madrugadas. A experiência foi tão intensa que, em certa ocasião, Tony Iommi teria se recusado a entrar em determinadas áreas do castelo. Esse ambiente sombrio acabou se refletindo na sonoridade do disco, que trouxe faixas pesadas e experimentais. Para muitos fãs, é justamente essa energia que consolidou o álbum como um marco do heavy metal, carregado de intensidade e densidade emocional.
4. Nine Inch Nails – "The Downward Spiral" (1994) na Mansão Tate
Trent Reznor, líder do Nine Inch Nails, buscava um local que refletisse a escuridão e a autodestruição que queria transmitir em "The Downward Spiral". Ele acabou alugando a Mansão Tate, em Los Angeles, onde ocorreu o brutal assassinato de Sharon Tate e amigos em 1969, pelas mãos da seita de Charles Manson.
Reznor transformou o espaço em estúdio e até nomeou-o de “Le Pig”, em referência à palavra “PIG” escrita em sangue nas paredes durante o crime. A decisão dividiu opiniões e mergulhou ainda mais o projeto em polêmica. O músico relatou sentir um peso emocional constante durante as gravações, especialmente ao se deparar com o histórico trágico do lugar. O álbum, no entanto, se tornou um dos mais importantes da década de 90, explorando temas de dor, vício e autodestruição — todos em sintonia com o peso simbólico da mansão.
5. Marilyn Manson – "Antichrist Superstar" (1996) também na Mansão Tate
Pouco depois de Trent Reznor, Marilyn Manson utilizou a mesma mansão para gravar trechos de "Antichrist Superstar". O local, já carregado por seu passado macabro, parecia combinar com a proposta provocadora e polêmica do artista. As sessões de gravação foram marcadas por rituais performáticos e uma exploração deliberada do ambiente mórbido.
O resultado foi um disco controverso, mas decisivo na carreira de Manson, consolidando sua imagem como ícone de choque e transgressão. Muitos acreditam que a escolha do local deu ao álbum uma aura ainda mais sombria, alimentando a mística em torno do músico. A casa acabou sendo demolida pouco tempo depois, mas os discos gravados ali eternizaram a atmosfera pesada daquele espaço.
6. Morbid Angel – "Blessed Are the Sick" (1991) em Nova Orleans
Ao escolher Nova Orleans como local de gravação, o Morbid Angel sabia que estava se aproximando de uma das cidades mais carregadas de histórias sobrenaturais do mundo. Conhecida por sua forte tradição de vudu, espiritualidade e lendas urbanas, a cidade influenciou diretamente o processo criativo da banda.
Embora tenham gravado em um estúdio e não em um castelo ou mansão, a energia da cidade é frequentemente citada como uma força que impregnou o álbum. "Blessed Are the Sick" é considerado um dos mais obscuros trabalhos do death metal, com atmosferas densas e letras que remetem ao oculto. Para fãs, o disco parece carregar o espírito místico de Nova Orleans, transformando a música em uma espécie de ritual sombrio.
7. David Bowie – "Low" (1977) no Château d’Hérouville
O Château d’Hérouville, na França, já havia sido usado por grandes nomes como Elton John e Pink Floyd. Porém, o local tinha fama de ser assombrado, com relatos de músicos que ouviram vozes, passos e sentiram presenças durante suas estadias. Bowie, em sua fase mais experimental, escolheu o castelo para registrar "Low", parte da sua trilogia de Berlim.
As histórias de que o château era habitado por fantasmas só aumentaram o misticismo em torno das gravações. Bowie, sempre fascinado pelo estranho e pelo limiar entre realidade e ficção, incorporou essa energia ao disco, que mistura ambientações eletrônicas, minimalismo e uma sonoridade quase etérea. O resultado foi um dos álbuns mais enigmáticos de sua carreira, em perfeita sintonia com a aura sobrenatural do local.
Conclusão
Esses discos mostram como a música pode se alimentar não apenas da criatividade dos artistas, mas também da energia dos lugares onde é feita. Mansões com passados trágicos, castelos medievais, cidades carregadas de lendas: todos esses cenários serviram de pano de fundo para álbuns que respiram mistério e intensidade.
Ao escolher ambientes amaldiçoados, abandonados ou assombrados, os músicos não apenas buscaram inspiração, mas também desafiaram os limites entre arte, superstição e espiritualidade. O resultado foram discos que até hoje carregam não apenas melodias e letras, mas também o peso invisível dos locais que os viram nascer.

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