
5 Músicas Brasileiras Criadas Sob Influência do Oculto ou da Espiritualidade
Do candomblé ao simbolismo esotérico, estas músicas brasileiras foram inspiradas por experiências e crenças ligadas ao mundo invisível — com base em fatos verificados e respeito à diversidade espiritual.
LISTAS
Redação - SOM DE FITA
7/10/2025




A música brasileira sempre foi atravessada por dimensões que vão além do som e da melodia. Em um país onde o sincretismo religioso é parte da identidade cultural, não é surpresa que muitos artistas tenham buscado inspiração em crenças espirituais, entidades sagradas e símbolos esotéricos.
Nesta matéria, reunimos cinco músicas cujos processos criativos foram diretamente influenciados por tradições do candomblé, pelo folclore místico ou por referências herméticas. Cada uma dessas faixas está embasada por fatos comprovados — seja em entrevistas, reportagens ou documentários — e representam como o oculto, o espiritual e o simbólico se manifestam na música nacional de maneira legítima e artística.
1. “Obatalá” – Gilberto Gil (2019)
Gravada no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador, a música “Obatalá” é parte de um álbum inteiro dedicado ao orixá da criação. Gilberto Gil, iniciado no candomblé desde os anos 1970, declarou que o projeto é uma homenagem à Mãe Carmen, Iyalorixá do Gantois, e à importância da cultura afro-brasileira na sua vida pessoal e artística.
O documentário homônimo foi exibido pela GloboNews e destaca a presença de elementos rituais reais, com toques, rezas e cânticos em iorubá. A composição reverencia Obatalá como símbolo de paz, equilíbrio e sabedoria espiritual.
Fontes: Veja Rio, GloboNews, Correio Braziliense.
2. “Canto de Ossanha” – Baden Powell & Vinícius de Moraes (1966)
Integrante do histórico álbum Os Afro‑Sambas, a música “Canto de Ossanha” é uma ode ao orixá das folhas sagradas, senhor da cura e das escolhas. A letra, escrita por Vinícius, combina elementos poéticos com fundamentos religiosos do candomblé, enquanto Baden Powell traz o toque percussivo inspirado nos terreiros da Bahia.
A composição foi diretamente influenciada por vivências dos músicos em casas de axé, e o projeto inteiro buscava dialogar com a ancestralidade afro-brasileira de forma respeitosa e profunda.
Fontes: Medium – The Riff, documentário Vinícius, textos críticos de Hermano Vianna.
3. “Terreiro” – Metá Metá (2012)
A faixa “Terreiro”, do álbum MetaL MetaL, é um dos exemplos mais contemporâneos de como a música brasileira urbana pode dialogar com a tradição do candomblé. O trio Metá Metá — formado por Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França — criou a música como um tributo aos cantos de Exu.
Em entrevistas, Juçara afirmou que a canção poderia ser entoada “em qualquer terreiro”, de tão enraizada na tradição oral. Já Thiago associou Exu ao corpo, ao movimento e à arte — como força de criação e comunicação. A faixa combina experimentalismo, respeito à liturgia e intensa carga simbólica.
Fontes: Revista Trip, Diálogos com Juçara Marçal (Aviva), Umbanda EAD.
4. “Ave Lúcifer” – Os Mutantes (1970)
Lançada no disco A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado, a música “Ave Lúcifer” não tem conotação satânica, mas sim simbólica. Na tradição esotérica, Lúcifer representa o “portador da luz” — uma metáfora para o conhecimento oculto, a libertação de dogmas e a iluminação espiritual.
A faixa integra o repertório psicodélico dos Mutantes com arranjos teatrais e letra enigmática, e é apontada por críticos como um exemplo de como a Tropicália também se aproximou do misticismo e do surrealismo através da arte.
Fontes: Bandcamp oficial dos Mutantes, The New Yorker, livros sobre a Tropicália.
5. “Mistérios da Meia-Noite” – Zé Ramalho (1985)
Zé Ramalho é conhecido por incorporar temas místicos, esotéricos e espirituais em sua obra. “Mistérios da Meia-Noite”, lançada em 1985, é uma narrativa sombria inspirada no imaginário popular nordestino — onde se misturam almas penadas, entidades noturnas e experiências metafísicas.
Em entrevistas ao longo dos anos, o artista revelou seu interesse por tarô, astrologia e estudos herméticos. A canção é estruturada como uma lenda folclórica e reforça o diálogo entre cultura popular e espiritualidade interior.
Fontes: Acervo do artista, entrevistas para o Fantástico (Globo), pesquisas sobre folclore brasileiro.
Essas músicas mostram como a espiritualidade, o misticismo e o oculto continuam a inspirar criações artísticas no Brasil — sempre com respeito, profundidade e conexão cultural real. Seja por meio das religiões afro-brasileiras, da psicodelia esotérica ou do folclore regional, o invisível se manifesta na canção de forma legítima e poética.
A influência do invisível, quando tratada com responsabilidade, não só enriquece a música como também preserva tradições, desafia o racionalismo e convida à escuta sensível.
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