
10 MÚSICOS que Largaram Tudo para Virar CURANDEIROS, MONGES OU ANDARILHOS
Quando a fama não basta: artistas que trocaram os palcos pela espiritualidade, pelo silêncio ou por uma vida nômade em busca de sentido.
Redação - SOM DE FITA
9/15/2025



Imagem gerada por IA



O universo da música popular e erudita já provou inúmeras vezes que a fama não é sinônimo de felicidade. Muitos artistas atingiram o auge de suas carreiras, lotaram arenas e foram reverenciados como ídolos, mas sentiram que algo essencial ainda lhes faltava. Para alguns, esse vazio os conduziu a drogas, excessos ou colapsos nervosos. Para outros, porém, a resposta veio pela espiritualidade, pelo retiro ou pela vida nômade e contemplativa.
A lista a seguir traz 10 exemplos reais de músicos que deixaram para trás o estrelato para se tornarem curandeiros, monges ou andarilhos espirituais, mostrando como o chamado interior pode ser mais forte que qualquer aplauso.
1. Cat Stevens (Yusuf Islam): do folk ao Islã
Cat Stevens foi um dos maiores nomes da música folk e pop dos anos 1970. Canções como Father and Son e Wild World venderam milhões de cópias e o tornaram um dos artistas mais populares de sua geração. Porém, em 1976, Stevens passou por uma experiência transformadora: quase morreu afogado enquanto nadava em Malibu. No desespero, pediu ajuda a Deus, e logo em seguida uma onda o empurrou de volta à praia.
Esse episódio foi determinante para sua conversão ao Islã no ano seguinte. Ele adotou o nome Yusuf Islam, doou boa parte de sua fortuna para causas beneficentes e se afastou completamente da música por quase 30 anos. Dedicou-se a escolas islâmicas, a projetos de caridade e à propagação de valores religiosos. Seu retorno à música, nos anos 2000, foi marcado por canções de cunho espiritual e mensagens de paz, distantes da lógica comercial da indústria fonográfica.
2. Alice Coltrane: pianista e fundadora de um ashram
Alice Coltrane, pianista, harpista e compositora, já era uma musicista consagrada antes de seguir outro caminho. Viúva do lendário John Coltrane, ela mergulhou ainda mais fundo em práticas espirituais após a morte do marido em 1967. Ao longo dos anos 1970, aproximou-se do hinduísmo e acabou fundando o Vedantic Center, um ashram em Los Angeles. Lá, tornou-se Swami Turiyasangitananda, conduzindo práticas de meditação, mantras e ensinamentos baseados em tradições indianas.
Sua música também mudou: passou a compor obras devocionais que uniam jazz, gospel, ragas indianos e cânticos hindus. Em álbuns como Turiya Sings, Alice demonstrou que sua arte havia se tornado um veículo espiritual. Diferente de muitos músicos que apenas flertaram com a religiosidade, Alice Coltrane dedicou décadas de sua vida a liderar uma comunidade, servindo como guia espiritual para centenas de pessoas.
3. Richard Wright: o retiro marítimo do tecladista do Pink Floyd
Richard Wright, fundador e tecladista do Pink Floyd, sempre foi o integrante mais discreto da banda. Após anos intensos de turnês, gravações e tensões internas, especialmente durante a produção de The Wall (1979), Wright foi afastado por Roger Waters e decidiu se retirar para uma vida simples. Durante anos, morou em um barco na Grécia, longe da pressão da indústria.
Essa fase pode ser interpretada como uma espécie de vida andarilha moderna: Wright não buscava templos ou monges, mas encontrou no mar e na reclusão uma forma de cura. O afastamento permitiu que se reconectasse consigo mesmo, e só no final dos anos 1980 voltou a integrar o Pink Floyd oficialmente. Sua experiência mostra como até grandes ídolos podem abrir mão do sucesso para viver em introspecção.
4. Kitaro: o músico andarilho da new age
Kitaro, nascido no Japão em 1953, sempre levou a espiritualidade como guia de sua arte. Antes de se tornar referência mundial da música new age, viveu como andarilho e buscador espiritual, passando por experiências ligadas ao budismo e ao xintoísmo. Ele viajou por diferentes regiões da Ásia, absorvendo tradições sonoras e práticas meditativas que influenciariam toda a sua obra.
A música de Kitaro não foi feita para as paradas de sucesso, mas para a alma. Suas composições são carregadas de elementos que remetem a paisagens sonoras transcendentes, usadas até hoje em práticas de meditação e terapias alternativas. Sua carreira é um exemplo de como a busca espiritual pode moldar uma identidade artística inteira, transformando um músico em um verdadeiro curandeiro sonoro.
5. Leonard Cohen: do estrelato ao monastério Zen
Leonard Cohen era respeitado como poeta e cantor desde os anos 1960, mas em 1994 surpreendeu a todos ao se retirar para o Mosteiro Mount Baldy Zen Center, na Califórnia. Durante quase seis anos, viveu como monge budista sob a orientação de Kyozan Joshu Sasaki Roshi, adotando o nome espiritual Jikan, que significa “silêncio”.
Essa escolha foi motivada não apenas por espiritualidade, mas também por crises pessoais e financeiras. Cohen encontrou na vida monástica uma disciplina que o ajudou a reorganizar sua mente e seu espírito. Quando voltou à música, no início dos anos 2000, estava renovado. Seus álbuns posteriores, como Ten New Songs (2001), carregam a serenidade adquirida nessa fase, mostrando como a experiência espiritual transformou sua arte.
6. Krishna Das: do rock psicodélico aos mantras hindus
Jeffrey Kagel, mais conhecido como Krishna Das, fazia parte de uma banda de rock em Nova York nos anos 1960. Com influências psicodélicas e em sintonia com a contracultura, ele tinha tudo para seguir uma carreira musical dentro do cenário do rock americano. No entanto, sua vida mudou radicalmente após conhecer o guru Neem Karoli Baba, na Índia.
Kagel abandonou sua vida anterior, adotou o nome Krishna Das e se tornou o maior cantor ocidental de kirtan, música devocional hindu baseada na repetição de mantras. Sua voz profunda e suas apresentações, que mesclam espiritualidade e música, atraem milhares de pessoas em todo o mundo. Hoje, Krishna Das é reverenciado como um mestre espiritual da música, transformando palcos em verdadeiros templos.
7. Peter Rowan: entre o bluegrass e os mantras
Peter Rowan começou sua carreira no bluegrass, tocando com Bill Monroe, uma das maiores lendas do gênero. Mais tarde, tocou com Jerry Garcia, do Grateful Dead, e passou a explorar fusões musicais. Nos anos 1970, envolveu-se profundamente com tradições espirituais indianas, aproximando-se da filosofia dos mantras e da meditação transcendental.
Ele chegou a compor e gravar músicas que misturam bluegrass com influências espirituais do Oriente, criando um estilo único e profundamente ligado à busca interior. Rowan passou a ser visto não apenas como músico, mas também como um andarilho cultural e espiritual, transitando entre mundos aparentemente distantes.
8. Mike Love (Beach Boys) e a meditação transcendental
Mike Love, um dos vocalistas dos Beach Boys, viveu a explosão da fama da banda nos anos 1960, mas foi também um dos primeiros músicos ocidentais a mergulhar na meditação transcendental. Em 1968, ele acompanhou os Beatles em uma viagem à Índia para estudar com Maharishi Mahesh Yogi.
Essa experiência marcou sua vida profundamente. Até hoje, Mike Love é praticante ativo e defensor da técnica, incorporando a meditação em sua rotina e divulgando seus benefícios em entrevistas e apresentações. Mais do que um músico de rock, tornou-se um porta-voz da espiritualidade ocidental ligada ao Oriente.
9. Robbie Basho: guitarrista místico e andarilho sonoro
Robbie Basho foi um guitarrista norte-americano inovador, contemporâneo de John Fahey. Sua música era marcada por influências espirituais vindas da Índia, do Japão e das tradições indígenas americanas. Para Basho, a guitarra era um instrumento de transcendência.
Ele viveu como um verdadeiro andarilho, muitas vezes à margem da indústria musical, dedicando sua vida a compor peças que funcionavam como verdadeiras meditações. Seus álbuns, como Visions of the Country (1978), são testemunhos de uma arte voltada para a cura espiritual, e sua figura permanece como a de um músico que buscava mais a conexão com o divino do que o sucesso comercial.
10. George Harrison: o Beatle devoto
George Harrison, guitarrista dos Beatles, foi o primeiro do grupo a se interessar profundamente pela espiritualidade oriental. Após conhecer o sitar de Ravi Shankar e viajar à Índia, Harrison mergulhou no hinduísmo e se tornou devoto da ISKCON (Hare Krishna). Ele chegou a financiar templos, apoiar a comunidade religiosa e gravar músicas com mensagens de devoção, como My Sweet Lord.
Sua casa tornou-se ponto de encontro para monges e praticantes, e até o fim da vida Harrison manteve a fé como centro de sua existência. Sua trajetória é talvez o caso mais famoso de um astro mundial que, mesmo continuando a gravar e se apresentar, encontrou no espiritualismo um propósito que superava o estrelato.
Uma vida além do palco
Esses dez músicos mostram que a fama e o sucesso não foram suficientes para responder às inquietações existenciais que carregavam. Alguns buscaram templos, outros se refugiaram na natureza, e alguns se tornaram líderes espirituais. Todos, porém, provaram que é possível largar tudo e seguir um chamado maior — mesmo que isso signifique se afastar dos aplausos para mergulhar no silêncio.
Kitaro: Músico e compositor japonês. (foto: Reprodução da Internet.)
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