
10 Bandas que Foram Canceladas Antes da Era do Cancelamento
Muito antes da cultura do cancelamento dominar as redes sociais, algumas bandas alternativas já enfrentavam boicotes, rupturas e rejeições públicas por suas atitudes, declarações ou comportamentos. Relembre casos verídicos de grupos que foram “cancelados” antes mesmo de existir esse nome.
LISTAS
Redação - SOM DE FITA
6/17/2025




A cultura do cancelamento é frequentemente associada ao universo digital e às redes sociais. Mas décadas antes de “cancelar” virar verbo cotidiano, muitas bandas do cenário alternativo brasileiro e internacional já experimentavam as consequências de atitudes polêmicas, brigas públicas ou deslizes éticos. Alguns desses grupos viram sua carreira desmoronar em poucos dias, outros enfrentaram anos de boicote da mídia e do público. A seguir, listamos casos reais de bandas alternativas que foram, de uma forma ou de outra, canceladas antes da era dos tweets e dos textões.
Mamonas Assassinas – Alvo de protestos antes da tragédia
Embora amados pelo público, os Mamonas Assassinas também despertaram polêmicas em setores conservadores da sociedade antes do fatídico acidente aéreo. Com letras irreverentes que satirizavam tudo — de sexualidade a regionalismos —, chegaram a ser alvo de ações judiciais e censura de rádios em cidades do interior. A música "Robocop Gay", por exemplo, foi criticada por grupos LGBTQIA+ da época por reforçar estereótipos, e algumas apresentações foram interrompidas por protestos. Mesmo assim, seu legado permaneceu positivo, mas o início de um “cancelamento” já estava em curso.
Ratos de Porão – Boicote por atitude antinacionalista nos anos 80
Ícones do punk/hardcore brasileiro, os Ratos de Porão enfrentaram críticas ferrenhas no final dos anos 80 ao assumirem uma postura abertamente crítica ao nacionalismo, à polícia e ao conservadorismo. Durante a redemocratização, sua letra “Amazônia Nunca Mais” foi atacada por setores militares e ruralistas, e a banda foi rotulada de “antipatriota”. O vocalista João Gordo também foi expulso de programas de TV após confrontar jornalistas ao vivo. Isso gerou um apagamento da banda em diversos espaços da mídia até o início dos anos 2000.
Gang 90 e as Absurdettes – Taxada de oportunista e descartada pela crítica
Liderada por Júlio Barroso, a Gang 90 foi uma das precursoras do rock alternativo e da new wave brasileira. Porém, por flertar com o pop e adotar visual colorido, foi acusada por parte da crítica e da cena underground de ser oportunista e “vendida”, o que afastou o grupo de parte da mídia especializada. O suicídio de Júlio em 1984 encerrou tragicamente o grupo, mas o julgamento prévio da crítica já havia minado seu espaço.
Sex Pistols – Banidos das rádios por profanar a monarquia britânica
Apesar de se tornarem ícones da rebeldia, os Sex Pistols foram praticamente apagados da mídia britânica após o lançamento de “God Save the Queen” (1977). A faixa, que criticava a monarquia durante o jubileu da Rainha Elizabeth II, foi censurada pela BBC e outras emissoras, e lojas de discos se recusaram a vendê-la. Isso resultou num boicote maciço — e um “cancelamento” à moda antiga — antes mesmo da era da internet.
Sepultura – Boicote dos próprios fãs ao mudar de som
Quando lançou o álbum Roots (1996), com forte influência indígena e rítmica brasileira, o Sepultura foi acusado por parte de seus fãs de “traição ao metal” e “venda ao mercado americano”. A revolta aumentou com a saída de Max Cavalera logo depois. A banda foi “cancelada” por fãs mais conservadores, recebendo vaias em alguns festivais. Embora tenham reconstruído sua base ao longo dos anos, a rejeição inicial foi intensa e duradoura.
Os Mutantes – Acusados de abandonar a Tropicália
Após o disco Tudo Foi Feito Pelo Sol (1974), sem Rita Lee e mergulhado no progressivo, Os Mutantes foram duramente criticados por antigos aliados tropicálicos. Muitos os acusaram de abandonar os ideais experimentais e políticos do movimento. O afastamento da crítica cultural e de parte do público foi tão forte que os Mutantes desapareceram do circuito até serem redescobertos décadas depois por gringos como David Byrne e Kurt Cobain.
Dead Kennedys – Atacados por censura e boicote moralista
Pioneiros do punk hardcore americano, o Dead Kennedys foi alvo de um processo judicial em 1986 por “distribuição de conteúdo obsceno”, após colocar uma obra do artista H.R. Giger em seu álbum Frankenchrist. A repressão foi intensa: lojas deixaram de vender seus discos e organizadores cancelaram shows. O caso quase levou ao fim da banda e se tornou símbolo de repressão moralista pré-internet.
Os Mulheres Negras – Rejeição por ser “esquisito demais”
Maurício Pereira e André Abujamra formaram, nos anos 80, o duo Os Mulheres Negras — uma das bandas mais originais da história da música brasileira. Mas sua estética futurista, misturando MPB com música concreta, humor nonsense e teatralidade, foi rotulada por muitos como “sem sentido”, “antimusical” ou “pose artística”. Foram rejeitados pelas rádios, ignorados por festivais e se separaram sem nunca terem conseguido grande tração comercial. Décadas depois, foram revalorizados por novas gerações.
L7 – Escândalo ao vivo causou rejeição midiática
Em 1992, a guitarrista Donita Sparks da banda grunge L7 tirou o absorvente e o arremessou na plateia durante um show no Reading Festival. O protesto contra o machismo no rock causou uma onda de repulsa na imprensa britânica e americana, e a banda foi praticamente banida da mídia mainstream. O gesto, hoje visto como simbólico, foi interpretado na época como grotesco e destruiu oportunidades comerciais da banda.
Lobão – Cancelado pela esquerda e pela direita… em décadas diferentes
Antes de se tornar figura polêmica na política, Lobão já colecionava inimizades nos anos 80. Suas críticas à indústria fonográfica o tornaram persona non grata em várias gravadoras e veículos. Em 1988, foi preso por porte de drogas e perdeu contratos. Mais tarde, ao fundar uma revista independente e comprar brigas públicas com artistas e políticos, passou a ser boicotado por rádios e TVs. Ao longo das décadas, foi “cancelado” por motivos distintos — mas com o mesmo efeito: exclusão.
Muito antes dos “exposed” e dos linchamentos virtuais, o cancelamento já existia — apenas em outras formas. O boicote, a exclusão midiática e os julgamentos públicos sempre rondaram o universo alternativo, onde quebrar regras era regra. Essas bandas foram vítimas (e às vezes cúmplices) de uma cultura que exige postura, ética e posicionamento — ontem e hoje.
Se quiser, posso sugerir uma playlist com faixas dessas bandas, uma legenda para o Instagram e hashtags de alto engajamento. Deseja isso agora?
mais notícias:
Notícias, resenhas e cultura underground em destaque.
© 2025. Todos os direitos reservados.
Música, atitude e resistência em alta rotação.
Rebobinando o furdunço, Dando o play no Fuzuê.
Siga a gente nas redes sociais

